“O Conselho Diretivo (CD) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) aceitou o pedido do Diretor Regional do INEM no Norte, que colocou hoje [sábado] o seu lugar à disposição”, lê-se numa nota partilhada no portal do instituto.
O diretor regional do INEM no Norte, António Barbosa, assumiu no sábado que tinha autorizado a vacinação de 11 funcionários de uma pastelaria próxima, tendo rejeitado que se tratasse de favorecimento, mas sim para evitar o desperdício das doses de vacina.
Segundo a sua versão, havia mais 11 vacinas preparadas para o pessoal do INEM do que o que se veio a verificar ser necessário e a alternativa ao que determinou seria o desperdício.
“Atendendo o que está descrito na norma, a alternativa a vacinar cidadãos próximos seria descartar, literalmente deitar ao lixo”, disse, assinalando que obedeceu apenas a um critério de “disponibilidade e proximidade” e não outro.
Na nota divulgada no sábado à noite, o CD do INEM disse agora aguardar “com serenidade” o desenvolvimento e as conclusões do inquérito que será desenvolvido pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) a este processo de vacinação, “manifestando total colaboração a esse serviço inspetivo para o apuramento dos factos”.
Uma resposta a pedidos de esclarecimento da Lusa referia, contudo, que “os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM”.
Na tarde de sábado, António Barbosa disse ter colocado o seu lugar à disposição da administração – e não apresentado a sua demissão – depois de ter sido noticiado que o instituto tinha vacinado contra a covid-19 funcionários de uma pastelaria no Porto, confirmou à Lusa fonte do instituto.
Segundo o Correio da Manhã, que avançou a notícia, "todo o 'staff' do estabelecimento, situado na porta ao lado do INEM, no Porto, recebeu já as duas doses da vacina".
A situação do Porto é conhecida após a Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (Aprosoc) ter denunciado, a vacinação de profissionais não prioritários na sede do INEM.
O instituto respondeu então que recebeu 1.174 vacinas, mas como alguns profissionais essenciais não puderam ser vacinados por razões de saúde, sobraram 92 doses que foram dadas a outros funcionários, como forma de evitar desperdícios.
A IGAS anunciou na sexta-feira que vai verificar o cumprimento das normas e orientações aplicáveis ao processo de administração da vacina contra a covid-19.
“Esta inspeção vai abranger, nesta fase, as cinco administrações regionais de saúde, IP, os hospitais, os centros hospitalares e as unidades locais de saúde do Serviço Nacional de Saúde, bem como algumas entidades que integram os serviços centrais do Ministério da Saúde”, adiantou a IGAS numa nota publicada no seu portal eletrónico.
Segundo a IGAS, a inspeção assenta em três vertentes: critérios de seleção das pessoas a vacinar dentro dos grupos prioritários, procedimentos de gestão das doses excedentes e medidas preventivas do desperdício.
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