João Gomes Cravinho adiantou estes dados sobre o Plano de Vacinação contra a covid-19 em declarações à agência Lusa e à TSF, a meio de uma visita ao destacamento militar português na República Centro Africana (RCA), após um encontro com a sua homóloga centro-africana, Marie-Noelle Koyara.

"As Forças Armadas fazem parte do grupo prioritário, mas, naturalmente, não estão aí todos os militares. Estão entre os prioritários aqueles que precisam de ter a vacina contra covid-19, porque cumprem missões de primeira importância. Por essa razão, não podem ficar sujeitos ao risco de contágio", justificou o ministro da Defesa Nacional.

João Gomes Cravinho completou que "será um grupo minoritário dos militares das Forças Armadas que terá a vacina como primeira prioridade" até março.

Tendo ao seu lado o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o almirante António Silva Ribeiro, o ministro da Defesa sustentou que, no processo de vacinação contra a covid-19 em Portugal, "as Forças Armadas estão completamente envolvidas no planeamento, fazendo parte da task-force já criada" pelo Governo.

"Estão a trabalhar dia e noite para a execução do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19", salientou.

Nesse quadro, de acordo com João Gomes Cravinho, "as Forças Armadas têm uma responsabilidade muito grande na logística e no planeamento".

O ministro da Defesa Nacional recusou críticas de setores que entendem que as Forças Armadas deveriam ter um papel de primeira linha no processo de distribuição das vacinas.

"Desconheço esse tipo afirmações, mas quem diz isso desconhece o trabalho que está a ser feito para a distribuição e organização de todo o processo de vacinação, que é muito complexo", contrapôs o titular da pasta da Defesa Nacional.

Neste ponto, João Gomes Cravinho advertiu que o país se encontra perante "um processo que, além de complexo, é inédito".

"Mas posso dizer o seguinte: Confiem nos profissionais, confiem em que está a fazer o trabalho. Na primeira fase do processo de vacinação, os militares não farão ainda a distribuição, mas estão no trabalho de planeamento e na organização da logística", reforçou.

Neste contexto, o membro do Governo observou em seguida que, no processo de vacinação em Portugal, "há aspetos que ainda são desconhecidos e que estão relacionados com o fluxo de chegada das diferentes vacinas ao país".

"E são diferentes vacinas com características diferentes, o que tem implicações também ao nível da sua distribuição. Para já não se prevê que as Forças Armadas estejam na distribuição, porque essa não será a melhor maneira de otimizarmos os nossos recursos", acrescentou.

Ministra agradece atuação "com coração" dos militares portugueses

A ministra da Defesa da República Centro Africana (RCA) afirmou hoje que o seu povo está "agradecido" aos militares portugueses integrados nas missões das Nações Unidas e União Europeia, dizendo que atuam no seu país "com coração".

As palavras de Marie-Noelle Koyara foram ouvidas pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro, durante uma visita ao destacamento militar português presente na RCA.

Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a Missão Multidimensional das Nações Unidas para a Estabilização (MINUSCA) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.

"Em nome do Governo e do povo centro-africano, quero agradecer a Portugal. Os portugueses estão aqui a trabalhar bem, com coração, mostrando amor. Quando se percorre este país, o nosso povo agradece aos portugueses, porque eles sabem que os portugueses trabalham em defesa da nossa segurança e têm coração", declarou em português a ministra da Defesa da RCA, que viveu alguns anos em Cabo Verde, após uma breve reunião com João Gomes Cravinho e com as cúpulas militares nacionais nas missões da MINUSCA e da EUTM.

Antes, em declarações aos jornalistas, o ministro da Defesa Nacional salientou que a missão das Forças Armadas na RCA é uma das maiores em termos de envolvimento externo, mas é também "uma das mais complexas".

"Mas as Forças Armadas têm demonstrado enorme brio. Seja do lado das autoridades da República Centro Africana, seja do lado do representante especial do secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres], ou, ainda, da parte da embaixadora da União Europeia, todos têm demonstrado um grande agradecimento em relação à forma notável como as Forças Armadas portuguesas têm correspondido em relação a desafios complexos", afirmou João Gomes Cravinho.

Interrogado sobre se não teme um agravamento da instabilidade logo após as eleições presidenciais e legislativas na República Centro Africana, previstas para o próximo dia 27, João Gomes Cravinho assumiu que "momentos eleitorais são sempre momentos de tensão e de dificuldades no plano político".

"O que é fundamental é que essas tensões são saiam e, naturalmente, este é um momento de alguma vulnerabilidade. Sabemos que a República Centro Africana é um país que vem de um processo de grande fragilização e que neste último par de anos tem vindo a recuperar a sua capacidade em termos de extensão da autoridade do Estado no território", disse.

De acordo com o ministro da Defesa, apesar de esta época pré-eleitoral na RCA ser "um momento de grande vulnerabilidade" nos planos político e da segurança, "constitui, igualmente, um momento de grande determinação".

"No presente, estamos a ver a missão das Nações Unidas a procurar assegurar que em todo o território haja segurança e estabilidade para que os centro-africanos exercem o seu direito de voto. Por outro lado, vemos também a força de reação rápida portuguesa em ação, tendo em vista que se atinja esse objetivo", apontou.

"O trabalho aqui feito pelas Forças Armadas, particularmente pela força de reação rápida, é único e excecional, dando um contributo da maior importância para este processo de transição para um país estável e seguro", acrescentou João Gomes Cravinho.

A MINUSCA tem como principal objetivo a proteção da população civil, em apoio ao processo de paz neste país, enquanto a EUTM está dedicada à formação e treino das forças centro-africanas.

A RCA, que terá eleições presidenciais e legislativas no próximo dia 27, vive desde dezembro de 2012 em clima de guerra civil, que foi desencadeada pela revolta armada de grupos de maioria muçulmana (Séléka) e pela reação, também armada, de milícias maioritariamente cristãs (Anti-Balaka).

Antes de partir de Bangui, durante um lanche de Natal com várias dezenas de militares portugueses das missões da MINUSCA e da EUTM, o ministro da Defesa ofereceu simbolicamente relógios a três deles, mas com a garantia de que todos vão receber. Relógios que têm a inscrição "Portugal sempre".

"Penso que nem era preciso ter essa inscrição nos relógios. Todos vós sentem Portugal", comentou o membro do Governo, antes de partir para uma também breve visita aos militares portugueses presentes em São Tomé e Príncipe.

Ministro da Defesa hoje com a guarnição de navio português em São Tomé e Príncipe

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, janta hoje com militares da guarnição do navio português Zaire, em São Tomé e Príncipe, depois de ter visitado esta tarde o destacamento português na República Centro Africana.

João Gomes Cravinho chegou a São Tomé ao fim da tarde para uma breve passagem por este país de língua oficial portuguesa, em que se faz acompanhar pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro.

Em São Tomé, o ministro tem um jantar de Natal com membros da guarnição do navio patrulha da Marinha Portuguesa Zaire e com elementos da cooperação no domínio da defesa, durante o qual o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas irá condecorar três militares portugueses e três são-tomenses.

No jantar estarão também presentes o ministro da Defesa são-tomense e o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe.

Portugal tem atualmente destacado no espaço marítimo são-tomense, em regime de permanência desde janeiro de 2018, o navio Zaire, com 26 militares, com a missão de reforçar a vigilância e a fiscalização dos espaços marítimos de São Tomé e Príncipe, a segurança marítima do Golfo da Guiné e a capacitação da guarda costeira deste país de língua portuguesa.

Em dezembro do ano passado, o ministro da Defesa esteve em São Tomé e Príncipe, ocasião em que salientou a importância de ser desenvolvida a cooperação no domínio da Defesa.

João Gomes Cravinho apresentou também o conceito do Centro para a Defesa do Atlântico, tendo então apelado para a participação são-tomense nesta iniciativa.

Em 2018, durante a visita de Estado que efetuou a São Tomé e Príncipe, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se ao navio Zaire, tendo então afirmado que esta missão serve de exemplo "na redefinição da ação externa de Portugal no domínio da defesa nacional".

Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se ainda com o facto de no navio patrulha estarem "lado a lado portugueses e são-tomenses"

*Por Pedro Morais Fonseca, da agência Lusa. A Lusa viajou e ficou alojada a convite do Governo Português.