Dionísio Babo disse à Lusa que essa possibilidade tem vindo a ser discutida com o Governo chinês, e voltou a ser analisada hoje num encontro com o embaixador chinês em Díli, mas que o atual cenário é complicado.
“Fizemos o pedido e o embaixador disse-me que podem, para já, providenciar alguns medicamentos, equipamento, desinfetante e máscaras e também alguns recursos humanos médicos”, explicou à Lusa.
Babo salientou que as autoridades chinesas estão já “numa situação um bocado apertada” e que outros países já solicitaram apoio, tendo sido fornecidos equipamentos e médicos para locais de alto risco, como Itália.
“Nós estamos a tentar. O embaixador registou o pedido, mas também nos pediu para pensarmos num segundo cenário que é o de usar os recursos que temos aqui por causa da intensidade de trabalho dentro do país e noutros países”, referiu.
Questionado sobre qual será esse segundo cenário, Babo disse que se trata de criar um centro de isolamento provisório, com “os recursos do país”, e procurando que as instituições do Estado possam “dar toda a ajuda, dentro da sua disponibilidade de material, com a máxima brevidade”.
Babo reúne-se na sexta-feira de manhã como o corpo diplomático em Díli para analisar a questão da Covid-19 e, em particular para explicar as consequências das restrições aprovadas pelo Governo e que ainda não estão em vigor, por ainda não terem sido publicadas no Jornal da República.
Na quarta-feira, o Governo timorense decidiu em Conselho de Ministros proibir, durante um mês, cidadãos estrangeiros não residentes que tenham estado num país com casos de Covid-19 de entrar em Timor-Leste.
Questionado pela Lusa sobre se o Governo aprovará algum estímulo para garantir que as ligações aéreas em curso com a Indonésia, Austrália e Singapura – todos países com caso de Covid-19 – Babo disse esperar que não haja suspensão das rotas.
“Sabemos que esta medida vai diminuir rapidamente o volume de passageiros nos voos, mas acho que as companhias não vão tomar uma decisão drástica”, referiu o responsável, notando que os países vizinhos, como Singapura, Indonésia e Austrália, devem tomar também novas restrições adicionais.
Timor-Leste não tem ainda qualquer caso registado de Covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 84.000 recuperaram da doença.
A China anunciou hoje não ter registado novas infeções locais nas últimas 24 horas, o que acontece pela primeira vez desde o início da pandemia. No entanto registou 34 novos casos importados.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 173 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
No total, desde o início do surto, em dezembro passado, as autoridades da China continental, que exclui Macau e Hong Kong, contabilizaram 80.894 infeções diagnosticadas, incluindo 69.614 casos que já recuperaram, enquanto o total de mortos se fixou nos 3.237.
O número de infetados ativos no país fixou-se em 8.043, incluindo 2.622 em estado grave.
Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.978 mortes em 35.713 casos, o Irão, com 1.135 mortes (17.361 casos), a Espanha, com 638 mortes (14.769 casos) e a França com 264 mortes (9.134 casos).
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
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