Desse grupo, a associação tem registo de que dez pescadores locais estão infetados com o novo coronavírus, sendo que os restantes testaram negativo, mas têm de cumprir quarentena por terem tido contacto com os que contrariam o vírus.
Devido a esta situação, são já cinco as embarcações que estão paradas, por não terem tripulantes disponíveis para fazer a sua atividade piscatória.
"A situação é preocupante, mas ainda não é de alarme social. Temos de resolver o problema à nascença para evitar uma desgraça. É preciso fazer mais testes, mas Autoridades de Saúde não tem ligado aos pescadores", disse José Festas, líder da APMSHM.
O dirigente deu conta de que, além da situação dos pescadores infetados com covid-19, há também casos ativos nos estaleiros de Vila do Conde e, eventualmente, em famílias da zona de Caxinas, revelando que ainda hoje foram testadas quatro mulheres que manuseavam o peixe em terra.
"Devíamos testar cerca de 3 mil pessoas desta comunidade piscatória de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, entre pescadores e familiares. Por enquanto, estão cinco barcos, mas não podemos esperar que esse número chegue aos 50. Os impactos económicos já são muito fortes", sugeriu José Festas.
O líder associativo continua a defender que os pescadores que testaram negativo, mas por lei são obrigados a ficar em confinamento, poderiam trabalhar, desde que as Autoridades de Saúde aprovassem um plano de contingência sugerido pela APMSHM.
"Se preparássemos uma logística em que os homens, que testaram negativo, cumprissem o confinamento em casa, mas pudessem sair diretamente para barco, através de um transporte, e depois regressassem de novo ao confinamento em casa, eles iam cumprir. Os pescadores precisam de trabalhar para alimentar as famílias", apontou José Festas
Esta sugestão é semelhante a uma já avançada pela Câmara Municipal de Vila do Conde, após uma reunião com as autoridades de Saúde, governantes e armadores, com a diferença de que o confinamento desses pescadores seria feito em instalações disponibilizadas pela autarquia, em isolamento das famílias.
"Isso não é viável Os pescadores querem ir trabalhar, mas, no fim, querem ir para casa. Não querem partilhar espaços com outros 20 ou 30 homens", apontou José Festas.
O dirigente lamenta "a falta de atenção" das autoridades de Saúde para estas sugestões da associação, e espera que "o Delegado de Saúde da Póvoa de Varzim e Vila do Conde peça desculpa por pela forma como tem tratado os pescadores".
Só no concelho de Vila do Conde, o recente surto de covid-19 já infetou cerca 200 pessoas, sendo que desde o início da pandemia já se registaram 596 casos.
Em Portugal, morreram 1.792 pessoas das 55.211 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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