A Direção-Geral da Saúde atualizou este sábado em alta o número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (Covid-19) em Portugal. De acordo com o relatório da situação, registam-se 5.170 (uma subida de 21%, mais 912 casos comparando com o dia de ontem). O número de óbitos foi igualmente revisto em alta, passando dos 76 para os 100. Mantém-se o valor de 43 casos recuperados.

É ainda referido que 4.938 pessoas aguardam resultados de análise laboratorial.

O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (44), seguida da região Centro (28), da região de Lisboa e Vale do Tejo (27) e do Algarve (1).

Relativamente a sexta-feira, em que se registaram 76 mortes, hoje observou-se um aumento de 31,5%.

Em conferência  de imprensa, Marta Temido referiu que taxa de letalidade é de  7,9% nos maiores de 70 anos.

Quanto aos casos confirmados, a ministra da saúde referiu que 89%  estão em domicílio e existem 418 casos internados, dos quais 89 estão em UCI, de acordo com informação reportada pelas regiões e instituições de saúde.

Referindo que a situação vivida no país coloca uma "enorme pressão" sobre o SNS, Marta Temido referiu que "todos temos de fazer o que está ao nosso alcance".

"O SNS está a responder e, ao mesmo tempo, a melhorar a sua preparação", disse, deixando depois três notas sobre esta melhoria.

"Recebemos e estamos agora a distribuir mais equipamentos de proteção individual. A proteção daqueles que se encontram na prestação de cuidados mas também daqueles que lidam com doentes em estruturas residenciais para idosos" e que estão em contacto com pessoas "é fundamental", começou por referir.

"Uma utilização criteriosa das máscaras e dos outros equipamentos é a melhor forma de garantir que aqueles que precisam de equipamentos de proteção individual, concretamente máscaras, as têm disponíveis", dada a escassez a nível mundial.

Ainda no que diz respeito aos materiais de proteção, Marta Temido fez referência ao avião que aterrou ontem em Portugal, vindo da China, com máscaras de proteção FFP2 e máscaras cirúrgicas. "Queremos agradecer de uma forma muito forte a todos os doadores", frisou.

Em segundo lugar, relativamente aos testes de análise ao novo coronavírus, a ministra referiu que também chegaram ao país 60 mil testes, recordando que, desde quinta-feira, foi alterado o procedimento de acesso aos testes, devido à fase da pandemia em que nos encontramos.

Por este motivos, dada a possibilidade de prescrição dos testes pela Saúde24, assistiu-se "a um crescimento dos testes em realização ou já realizados", o que deixa os hospitais de referência e os laboratórios "sob maior pressão".

Em terceiro lugar, Marta Temido falou sobre a questão dos ventiladores. "Recordam-se que, na semana passada, comprámos mais de 500 ventiladores a diversas entidades e a EDP e a Galp, bem como particulares (...) doaram equipamentos. Muitas outras entidades manifestaram a sua intenção em fazê-lo", frisou.

Foi ainda referido que estão a ser preparadas equipas para Cuidados Intensivos, com médicos e enfermeiros para o combate ao novo coronavírus numa fase em que é preciso uma "resposta mais intensa".

Marta Temido disse ainda que está a ser reforçado o apoio para as populações mais vulneráveis, além dos idosos, "concretamente pessoas que estão detidas, migrantes que vivem em instituições de apoio ou sem-abrigo ou pessoas com comportamentos atípicos que estão a ter cuidados de saúde".

Por fim, a ministra deixou ainda um alerta aos portugueses. "Hoje é sábado, está sol, mas não é um dia comum. O número de doentes que vamos ter depende de cada um de nós. Temos de viver esta Primavera e esta Páscoa de uma forma diferente. Não vamos poder estar juntos como gostávamos, provavelmente, mas isso é essencial para que possamos estar [depois] juntos", rematou.

Questionada pelo jornalistas sobre os testes, Marta Temido referiu que, em Portugal, entre 1 e 26 de março, já foram realizados cerca de 40 mil testes, admitindo contudo que algumas pessoas foram "enviadas para casa e recomendado que voltassem mais tarde porque não havia zaragatoa ou reagente" necessário para a realização da análise.

De seguida, Graça Freitas respondeu a uma questão sobre a evolução o pico da epidemia. "Temos os casos que registamos desde o início da epidemia", os "casos que ainda não foram apanhados pelo sistema de saúde" e o que estão os académicos a fazer é "uma aproximação diária", uma vez que existem ainda pessoas que não foram detetadas, até por não terem sintomas.

"Conseguimos já projeções a uma semana, que é muito importante para fazermos planeamento", explicou, dizendo ainda que tal permite "prever o impacto" da epidemia. Graça Freitas respondeu ainda que tais previsões não são públicas porque "podem ou não realizar-se". Por isso, os matemáticos vão "ajustando todos os dias a realidade e a curva".

"Tudo indica que as medidas de contenção que foram tomadas a nível social, nomeadamente do distanciamento e do encerramento de escolas, estão de facto a abrandar a curva, que era um dos grandes objetivos", realçou.

"Se esse abrandamento vai levar a que o pico aconteça na última semana de maio ou na penúltima, nós não sabemos. Isto é afinado ao dia", admitiu, voltando a referir que o pico não vai ser um dia apenas, mas "um planalto com casos mais ou menos semelhantes durante vários dias", não avançando com números.

"São projeções para efeitos de planeamento, não nos parece que seja útil, não por uma questão de falta de transparência, mas porque causaria expectativas sobre se lá chegamos ou não, e são apenas instrumentos de trabalho".

A diretora-geral de Saúde disse ainda, quando questionada sobre as últimas estimativas relativamente aos números do pico, anteriormente colocados nos 21 mil, que é provável que o número semanal de casos seja maior.

"Provavelmente o número de casos em cada semana será superior ao que foi inicialmente calculado, mas superior de uma forma controlada porque temos tido medidas de contenção", disse Graça Freitas.

"Temos de estar preparados para ter um número superior de casos, sendo que isso vai sempre depender do que conseguirmos baixar a pressão do vírus e do que o vírus vá contrariar, tentando infetar mais pessoas”, explicou a diretora-geral de Saúde.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, surgiu na China, em dezembro, mas espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

A covid-19 já infetou cerca de 572 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 26.500.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral de Saúde.