Eis algumas perguntas e respostas sobre o novo coronavírus, denominado Covid-19, com base em informações do Centro Europeu de Controlo de Doenças, da Organização Mundial da Saúde e em peritos e investigadores chineses:
O que são coronavírus?
São uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias. Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.
O que é o novo coronavírus da China, com o nome Covid-19?
Trata-se de um vírus da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS - que provocava pneumonias atípicas e atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, em 2012. Tem características genéticas semelhantes às da SARS.
Pode ser comparável à SARS de 2003 ou à gripe sazonal?
A SARS provocou mais de 8.000 infetados em 33 países durante oito meses e uma em cada dez pessoas morreu da doença.
O novo coronavírus já infetou quase dez vezes mais pessoas, mas os dados preliminares apontam para uma menor taxa de letalidade, que rondará os 2% a 3%, no momento.
Em comparação com o vírus da gripe, o Covid-19, apesar de apresentar sintomas semelhantes, tem características diferentes. Anualmente, cerca de 40 mil pessoas na região europeia morrem prematuramente todos os anos devido a causas ligadas à gripe sazonal. A Europa ainda não registou nenhuma morte pelo novo coronavírus.
Até hoje, há reportados mais de 73 mil casos em mais de 25 países e mais de 1.800 mortes, três delas fora da China.
Qual o modo de transmissão?
Os animais são a fonte primária de transmissão, mas já está confirmada a transmissão entre seres humanos. Ainda não há informação suficiente sobre as formas exatas de transmissão entre humanos. O vírus parece ser transmitido por via respiratória, através da tosse ou secreções de pessoas infetadas.
O período de incubação está estimado entre dois a 12 dias, podendo ir até 14 dias. Há indicação de que pode haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.
Quais os sintomas?
Os principais sintomas são respiratórios e podem ser comuns ou semelhantes a uma gripe: febre, tosse, dificuldade respiratória, dores musculares e cansaço. Há doentes que desenvolvem pneumonia viral e até septicemia.
Há grupos de maior risco?
Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas. As autoridades destacam contudo que não há ainda informações suficientes para definir as pessoas atacadas de modo mais severo.
Um estudo hoje divulgado pelo Centro Chinês de Controlo de Doenças indica que 80% dos casos da infeção são ligeiros, que apenas 4,7% são considerados críticos e que as pessoas idosas ou com problemas de saúde prévios à infeção são as que correm mais riscos.
Há tratamento ou vacina?
Não há tratamento específico para este novo coronavírus, por isso têm sido tratados os sintomas, através de tratamento de suporte (como oxigénio) e antivirais existentes no mercado, mas não específicos. Não há também ainda vacina específica e as vacinas atualmente disponíveis contra as pneumonias não protegem deste coronavírus.
Quando se deve fazer o teste específico para o novo coronavírus?
Na presença de sintomas de doença respiratória e se nos 14 dias anteriores o doente esteve numa região afetada ou em contacto com pessoas infetadas.
As autoridades portuguesas recomendam que se contacte o SNS24 – 808 24 24 24 – no caso de ter sintomas e ter estado em contacto com doentes e numa região afetada.
Como se pode prevenir?
A prevenção passa essencialmente por medidas de higiene e etiqueta respiratória: lavagem frequente das mãos, evitar contacto próximo com pessoas com febre ou tosse e ao tossir ou espirrar fazê-lo não para as mãos, mas antes para o cotovelo ou antebraço ou para um lenço que deve ser de imediato descartado.
Deve ainda evitar-se contacto direto com animais vivos em mercados ou áreas afetadas por surtos e o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos.
É recomendado o uso de máscaras?
As máscaras de proteção ajudam a prevenir a disseminação de infeções e ajudam a proteger quem está doente. Mas o uso de máscaras não parece ser eficiente para quem não está doente.
Pode-se viajar? São aconselhadas viagens para a Ásia?
Os casos de doença reportados fora da China são considerados ainda esporádicos pelas autoridades de saúde, havendo 45 casos fora deste país. A OMS não estabeleceu também restrições nas viagens para a China.
Não está a haver controlo de passageiros provenientes da China. Porquê?
A evidência científica mostra que a verificação de passageiros nos aeroportos de entrada não se tem revelado efetiva a prevenir a disseminação de vírus. Isto ocorre especialmente em casos em que a doença pode estar presente antes de haver sintomas desenvolvidos ou nos casos em que os sintomas são comuns a várias doenças. É considerado mais eficaz fornecer informação aos passageiros sobre como devem proceder em cada país caso desenvolvam sintomas.
Pode-se receber cartas ou encomendas da China?
- As autoridades de saúde indicam que é seguro receber encomendas e cartas, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes.
O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) destaca ainda que não há também evidências de contaminação de produtos alimentares importados para a União Europeia, nem casos reportados de transmissão do novo coronavírus através dos alimentos.
Contudo, há restrições e controlo à importação de animais vivos.
Qual o risco para cidadãos europeus?
O ECDC considera que existe, neste momento, uma probabilidade “moderada a elevada” de importação de casos nos países da União Europeia/Espaço Económico Europeu (UE/EEE). A probabilidade de transmissão secundária na região, desde que sejam cumpridas as práticas de prevenção e controlo de infeção adequadas, é tida como muito baixa.
O pico da doença já foi atingido?
Geralmente, em doenças virais, como no caso da gripe, só se sabe quando o pico foi atingido quando há consistência na descida do número de casos. Um estudo hoje elaborado pelo Centro Chinês de Prevenção e Controlo de Doenças indica que a curva epidémica do início dos sintomas atingiu o pico entre 23 e 26 de janeiro, antes de cair até 11 de fevereiro, a última data a que o estudo faz referência. Contudo, os autores também alertam que o país precisa de se preparar para uma eventual recuperação da epidemia. O ritmo de novos casos está a abrandar, mas é ainda cedo para concluir se o pico da doença foi atingido.
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