Considerada uma das maiores feiras do queijo com denominação de origem protegida (DOP) Serra da Estrela, a iniciativa estava agendada para sábado e domingo, mas a autarquia decidiu hoje não a realizar para “salvaguardar a saúde pública e prevenir a propagação” do Covid-19.

Em comunicado, a Câmara de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, presidida por José Carlos Alexandrino, explica que a medida “surge em consequência da auscultação das autoridades de saúde locais e distritais, assim como das últimas recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) relativamente à realização de grandes eventos” públicos.

“Surge também numa altura em que diversos grupos oriundos dos mais diferentes pontos do país acabam de comunicar ao município (…) o cancelamento das visitas à maior festa do queijo do país”, acrescenta.

Por outro lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que nos últimos anos tem visitado a Festa do Queijo Serra da Estrela de Oliveira do Hospital, “também deu conta, esta manhã, da sua indisponibilidade para estar presente no evento, em virtude de ter suspendido a agenda por duas semanas”.

Citado na nota, José Carlos Alexandrino lamenta “esta difícil decisão, que foi unânime entre os membros da comissão organizadora”.

No entanto, sublinha, “nada se poderá sobrepor à necessidade de proteger a população de um vírus cuja propagação permanece incontrolável e já provocou milhares de mortes em todo o mundo”.

Segundo o autarca, eleito pelo PS, “está em causa o cancelamento de um evento de dimensão nacional”, que acabará por ter “um impacto muito negativo na economia local”.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 3.800 mortos.

Cerca de 110 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países e mais de 62 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 366 mortos e mais de 7.300 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

Para tentar travar a epidemia, o governo de Roma colocou cerca de 16 milhões de pessoas em quarentena no Norte do país, afetando cidades como Milão, Veneza ou Parma.

Portugal regista 30 casos confirmados de infeção, segundo o boletim mais recente da DGS, divulgado no domingo.

Todos os infetados, 18 homens e 12 mulheres, estão hospitalizados.

A DGS comunicou também que 447 pessoas estão sob vigilância por contactos com infetados.

Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte.

Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino secundário e universitário no Norte, bem como duas escolas na Amadora e uma em Portimão.

Em Felgueiras e Lousada, foram encerrados ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas, além de todas as escolas.

Os residentes naqueles dois concelhos do distrito do Porto foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.

O Presidente da República iniciou no domingo um período de isolamento de duas semanas em casa, após ter estado com alunos de uma escola de Felgueiras onde foi detetado um caso de infeção.

Apesar de não ter sintomas da doença, Marcelo Rebelo de Sousa, 71 anos, fez hoje um teste ao Covid-19, cujo resultado foi negativo.