“Nos próximos dias, a OMS espera tomar uma decisão sobre a lista de utilização de emergência da vacina Oxford-AstraZeneca, para os dois locais na Índia e na República da Coreia que a produzirão para a Covax” (mecanismo liderado pela OMS de distribuição universal e equitativa de vacinas), disse em conferência de imprensa.
Na conferência de imprensa ‘online’, a partir de Genebra, para fazer o ponto da situação da luta contra a covid-19, a questão das vacinas foi a mais debatida, sem que nenhum dos responsáveis da organização mundial tivesse sido explícito sobre a total eficácia ou não da vacina Oxford-AstraZeneca, embora dizendo que, como outras, está a reduzir as doenças graves, hospitalizações e as mortes por covid-19.
Hoje reuniu-se o Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) da OMS para rever a vacina Oxford-AstraZeneca (e na terça Tedros Adhanom Ghebreyesus reúne-se com o presidente do SAGE), um dia depois de a África do Sul ter anunciado que suspendia o lançamento da vacina no país por um estudo ter demonstrado que era muito pouco eficaz na prevenção da variante do vírus que foi detetada no país.
Salim Abdool Karim, um dos responsáveis pela luta contra a pandemia na África do Sul, e que também participou na conferência de imprensa, admitindo que o estudo clínico que levou o país a decidir a suspensão foi pequeno (2.000 pessoas), explicou que a vacina AstraZeneca teve uma eficácia global de 66%, mas que foi apenas de 22% no caso da variante sul-africana de covid-19, a predominante no país.
Vários países já tinham recomendado que a vacina não devia ser administrada a pessoas com mais de 65 anos, por haver dúvidas sobre a eficácia, e em Portugal a Direção-Geral da Saúde publicou hoje uma norma no mesmo sentido: que a vacina da AstraZeneca deve ser preferencialmente utilizada em pessoas até aos 65 anos.
As novas variantes do vírus (do Reino Unido, do Brasil e da África do Sul) e as dúvidas sobre a eficácia da vacina nessas variantes levaram o responsável máximo da OMS a reafirmar que é preciso fazer tudo para evitar a circulação do vírus, e a dizer depois que é “cada vez mais claro” que os fabricantes de vacinas “terão de se ajustar à evolução do vírus”, tendo em conta as mais recentes variantes, para futuras vacinas.
“Sabemos que os vírus sofrem mutações e sabemos que temos de estar prontos a adaptar as vacinas para que continuem a ser eficazes. É isto o que acontece com as vacinas contra a gripe, que são atualizadas duas vezes por ano para corresponderem às estirpes dominantes”, disse.
Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou, no início da conferência de imprensa, que no domingo morreu uma mulher infetada pelo vírus ébola na República Democrática do Congo, e disse que a OMS está a apoiar as autoridades locais e nacionais, que estão a ser enviadas vacinas e que também foi enviada uma equipa de resposta rápida.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.316.812 mortos no mundo, resultantes de mais de 106 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 14.354 pessoas dos 767.919 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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