“Nós hoje mesmo vamos fazer um apelo a todos os enfermeiros para o reforço da Linha de Saúde 24. Já ontem tivemos uma reunião com o senhor secretário de Estado da Saúde e também com o operador privado da linha no sentido de reforçarmos o número de enfermeiros no atendimento”, disse o vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira.
O responsável falava à agência Lusa no final de uma reunião com membros da direção do CDS-PP.
De acordo com comunicado da Ordem, este apelo justifica-se com o “período de emergência de saúde pública” que se vive na sequência do surto de Covid-19, que já afetou dezenas de pessoas em Portugal.
Este apelo foi lançado “sensivelmente a mais ou menos 17.000 enfermeiros” de “dois grandes grupos”: aqueles que “já tiveram experiência com a linha e que hoje não estão no exercício de funções” e os profissionais “especialistas em enfermagem de saúde pública”.
O objetivo é que possam “colaborar junto da Linha de Saúde 24”, através de uma “prestação de serviços com a própria linha”, adiantou Luís Filipe Barreira.
Apontando que existem “muitos enfermeiros que estão desempregados e que podem iniciar já com a contratação”, a Ordem dos Enfermeiros considerou “importantíssimo neste momento fazer este reforço nos serviços”.
“Estes enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde pública são muito importantes também do ponto de vista da vigilância epidemiológica e, portanto, darão um grande contributo também na linha”, salientou.
Apesar de o apelo ter sido alargado, o vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Enfermeiros ressalvou que não pode prever “quantos é que vão aceder ou não”.
“Também fizemos um outro apelo ontem [terça-feira] ao senhor secretário de Estado no sentido do recrutamento urgente de enfermeiros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, acrescentou Luís Filipe Barreira.
Em comunicado enviado mais tarde, a Ordem dos Enfermeiros pede aos profissionais que, “com a máxima urgência, enviem mensagem para o email covid19@ordemenfermeiros.pt com indicação de nome, cidade, experiência, disponibilidade, e-mail, contacto telefónico e declaração de autorização de partilha de dados com as entidades responsáveis”.
“Verifica-se, atento o aumento de solicitações registadas, a necessidade de, urgentemente, reforçar as equipas de profissionais que, em Braga, Porto, Lisboa e Faro, asseguram o funcionamento da Linha SNS 24”, salienta a nota, advogando que os enfermeiros “são chamados a desempenhar um papel fundamental na fase de contenção” que se vive atualmente, uma vez que são “os profissionais que se encontram na primeira linha de contacto com todos aqueles que procuram os serviços”.
“Conscientes do papel que os enfermeiros desempenham num SNS já de si fragilizado, e do importante contributo que cada profissional representa em momentos como aquele que atravessamos, estamos certos que os enfermeiros não deixarão de responder ao presente apelo, contribuindo para a contenção e mitigação dos efeitos já sentidos”, considera a Ordem.
No final da reunião, o vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Enfermeiros ainda que algumas instituições de cuidados de saúde primários "ainda não têm plano de contingência elaborado ou, pelo menos, os enfermeiros não têm conhecimento do fluxograma desse plano" e pediu que sejam assegurados equipamentos de proteção individual a todos os profissionais.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.
O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 59, mais 18 do que os contabilizados na terça-feira, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje, há 471 casos suspeitos, dos quais 83 aguardam resultado laboratorial.
Segundo a DGS, há ainda 3.066 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
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