Entre as três dezenas de pescadores testados, cerca de 20 eram tripulantes de uma embarcação de um outro pescador, também vila-condense, que está infetado com o novo coronavírus, forçando que todos eles tenham de cumprir uma quarentena de 14 dias em casa.

"Os testes que fizemos ontem [segunda-feira] na sede da associação deram todos resultados negativos. Achamos que esses homens podiam voltar a trabalhar, mas o Delegado de Saúde da Póvoa de Varzim e Vila do Conde não os deixa e refugia-se na lei para essa decisão", disse José Festas à agência Lusa.

Mesmo inconformado com a decisão das Autoridades de Saúde, o líder da associação garantiu que a mesma "será cumprida" e que a embarcação "ficará parada nos próximos dias", apesar de apontar para "as dificuldades que estes pescadores vão passar por não poderem ir trabalhar".

Também hoje, a Autoridade Regional de Saúde (ARS) do Norte, em articulação com as Autoridades de Saúde do ACES Póvoa de Varzim/Vila do Conde, informou que está a "acompanhar a evolução desta situação e a desenvolver as medidas consideradas necessárias neste âmbito, em defesa da saúde da comunidade", mas lembrou os pressupostos legais em vigor.

"De acordo com o enquadramento normativo vigente os contactos de alto risco de exposição devem manter o isolamento profilático até ao 14.º dia após a data da última exposição de risco, mesmo com resultado de teste laboratorial negativo durante o período de isolamento", pode ler-se num comunicado enviado.

A ARS Norte vincou, ainda, que "a violação do confinamento obrigatório de quem a ele esteja sujeito por determinação da Autoridade de Saúde pode configurar crime de desobediência".

No total são nove os pescadores de Vila do Conde que estão infetados com covid-19, sendo que 8 já foram diagnosticados há cerca de duas semanas, forçando a paragem da emborcação onde trabalhavam.

O concelho vila-condense está há algumas semanas a debater-se com um surto de covid-19, com 173 casos ativos, segundo informou a câmara municipal, na semana passada.

Além da zona de Caxinas, onde em julho houve um foco de infeção numa fábrica de conservas, também foram afetadas as freguesias de Guilhabreu, Mindelo, Árvore e Azurara.

De acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, Vila do Conde registou, desde o início da pandemia, 576 casos de infeção pelo novo coronavírus, sendo que mais de 200 aconteceram desde 01 julho.