Em comparação com os dados de quarta-feira, em que se registavam 1.263 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,1%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (29.912), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 252 casos do que na quarta-feira (29.660), representando uma subida de 0,8%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (717), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (297), do Centro (232), do Algarve (15), dos Açores (15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de quarta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.

Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 653 vítimas mortais são mulheres e 624 são homens.

Das mortes registadas, 864 tinham mais de 80 anos, 246 tinham entre os 70 e os 79 anos, 113 tinham entre os 60 e 69 anos, 40 entre 50 e 59, 13 entre os 40 e os 49 e um dos doentes tinha entre 20 e 29 anos.

A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 608 doentes estão internados em hospitais, menos um do que na quarta-feira (-0,2%), e 92 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, menos um (-1,1%).

A recuperar em casa estão 21.575 pessoas.

Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.076), seguido por Vila Nova de Gaia (1.529), Porto (1.336) Matosinhos (1.250), Braga (1.199) e Gondomar (1.065).

Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 303.811 casos suspeitos, dos quais 2.125 aguardam resultado dos testes.

Há 271.774 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados se mantém em 6.452.

Surto na Azambuja 

Relativamente ao surto entre trabalhadores da empresa de logística Sonae, localizada no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa, Graça Freitas começou por referir em conferência de imprensa que tem havido uma "ótima colaboração entre as equipas de saúde publica, a própria Sonae e empresas da região".

"Até à data, foram feitos 339 testes que permitiram identificar 70 pessoas positivas, sendo que todas estão clinicamente bem e não estão internadas. Esta situação está a ser acompanhada de perto", garantiu. "São trabalhadores jovens, muitos vivem em alojamentos em conjunto, são pessoas deslocadas".

"De qualquer maneira, as autoridades de saúde também têm feito inquéritos epidemiológicos a famílias da zona. Outras empresas da zona têm feito testes aos seus trabalhadores e têm dado negativo", garantiu, frisando que o caso está a ser devidamente acompanhado de forma a "não haver disseminação comunitária".

À agência Lusa, fonte da Sonae MC ressalvou que a empresa já implementou um conjunto de medidas para "minorar este problema", nomeadamente o desfasamento dos horários dos turnos e a duplicação de autocarros que transportam os trabalhadores até ao armazém.

"Apenas um terço dos nossos colaboradores usa comboios e já estamos a reforçar, há várias semanas, o serviço de autocarros", adianta a empresa.

Além destas medidas, a Sonae está a medir a temperatura a todos os trabalhadores "antes de darem entrada em qualquer instalação dos entrepostos" e reforçou a entrega de máscaras e a higienização das instalações e veículos de transporte de mercadorias.

Balanço do desconfinamento

Lacerda Sales referiu que "ainda não estamos em tempo de fazer balanços", mas "em tempo de dar respostas".

Quanto às duas mensagens difundidas — "fique em casa" e "retome a sua atividade" —, o secretário de estado da Saúde frisou que é muito importante "a mensagem de confiança". Contudo, "há também um critério de salvaguarda e de contenção".

"É deste ponto de equilíbrio que vai resultar, no final, um balanço favorável. Queria deixar esta mensagem de confiança mas também de responsabilidade que os portugueses têm evidenciado durante todas estas fases", disse.

Graça Freitas referiu ainda que "a questão da temperatura é uma questão que todo o mundo acompanha com ansiedade".

"Os outros coronavírus, os quatro que são sazonais, são sazonais porque aparecem sobretudo no outono e no inverno e começam a ter uma atividade muito baixa na primavera e no verão. Se este vírus tiver este comportamento vamos ter um alívio de casos no verão, mas não temos a certeza", sublinhou a diretora-geral.

A Diretora-geral da Saúde frisou a necessidade de “continuar a vigiar” e, como exemplo face à incerteza do comportamento do vírus, lembrou o caso de Singapura.

“Não podemos nem por um momento descurar a vigilância epidemiológica, a monitorização dos casos, o isolamento dos casos. Estamos todos, à escala planetária, à espera do verão para ver o comportamento do vírus. Singapura está no Equador e teve surtos. É um país quente e teve de controlar casos. Temos de ter cuidado e estar muito atentos em relação à temperatura”, concluiu.

Regras para os nadadores-salvadores

Graça Freitas, que falava aos jornalistas na conferência de imprensa diária de ponto de situação sobre a pandemia de covid-19 em Portugal, foi questionada sobre a época balnear, nomeadamente sobre a atuação dos nadadores salvadores que estarão impedidos de fazer procedimentos como a respiração boca a boca, tendo mencionado que a questão está a ser estudada por “uma entidade especializada na matéria”.

"Vão ser seguidas as recomendações do Conselho Nacional do Instituto de Socorros a Náufragos" para que os nadadores possam exercer as suas funções em segurança, referiu a Diretora-Geral da Saúde. "Há normativos muito específicos relativamente a essa situação".

Profissionais de saúde infetados

O secretário de Estado da Saúde revelou hoje que há 3.317 profissionais de saúde infetados com o novo coronavírus, responsável pela doença covid-19, entre os quais 480 médicos e 1.088 enfermeiros.

Somam-se 935 assistentes operacionais, 159 assistentes técnicos e 105 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica infetados, revelou António Lacerda Sales.

António Lacerda Sales também revelou que os dados acumulados apontam para 1.071 profissionais de saúde recuperados.

“Dou nota deste sinal de esperança de que o número de profissionais (recuperados) ultrapassou os 1.000 e são 1.071”, frisou António Lacerda Sales.

Atrasos no pagamento às instituições sociais

O secretário de Estado da Saúde admitiu atrasos no pagamento às Instituições Particulares de Solidariedade Social que integram a Rede de Cuidados Continuados e disse que as dívidas vão ser regularizadas “dentro do possível”.

“Temos feito um esforço no sentido de efetuar os pagamentos em atraso, mas reconheço que, nesta fase difícil, tivemos de alocar recursos para outras atividades, o que fez com pudessem ter atrasado”, disse António Lacerda Sales.

O governante adiantou que já foram pagos “mais de 56 milhões de pagamentos à Rede Nacional de Cuidados Continuados”, desde o início do ano.

Questionado sobre as dívidas por pagar, que estão a dificultar o trabalho das instituições sociais no combate à pandemia de covid-19, respondeu que “dentro do possível [a tutela vai] normalizar os pagamentos”.

A plataforma Trace-Covid

Mais de 73 mil profissionais de saúde têm acesso à plataforma de dados 'Trace Covid', vigiando mais de 398 mil casos confirmados ou suspeitos de covid-19 em internamento domiciliário.

António Lacerda Sales, disse que passou a ser 73.520 o número de profissionais de saúde com acesso à plataforma e que são mais de 398 mil os casos confirmados ou suspeitos que se encontram em casa a ser vigiados pelas autoridades da saúde e, destes, 16 mil estão em “vigilância clínica”.

“Todos os dias aumenta a vigilância de casos confirmados e suspeitos no domicílio”, disse o governante.

Segundo António Lacerda Sales, “a plataforma tem funcionado bem, mas há espaço para melhorias”, admitiu, adiantando que a teleconsulta poderá “reforçar a rede de cuidados domiciliários”.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que muitos dos casos que entraram na plataforma são de “pessoas que ligaram para a Linha SNS24 a reportar sintomas” e foram validados pelos médicos de família.

Testes serológicos

Os testes serológicos feitos por entidades como hospitais, instituições académicas, autarquias ou clubes de futebol, serão “tidos em conta” para “uma avaliação da imunização da população” portuguesa face à covid-19, disse hoje o secretário de Estado da Saúde.

“Temos o nosso projeto piloto que abrange cerca de 2.000 pessoas, um estudo coordenado pelo Instituto Ricardo Jorge, mas obviamente que todos os restantes estudos e testes em diferentes segmentos serão importantes para uma avaliação da imunização da população no futuro”, disse António Lacerda Sales durante a conferência.

Lacerda Sales frisou que as iniciativas levadas a cabo por várias instituições serão “muito importantes” para “efeitos de acompanhamento epidemiológico” e, ainda que sem precisar em que moldes e como, disse que estes testes serão alvo de atenção a nível central. “Serão com certeza tidos em conta para uma avaliação da imunização da população”, referiu.

A Universidade do Porto começou hoje a fazer testes serológicos aos funcionários docentes e não docentes com o objetivo de “caracterizar” a resposta imunológica da comunidade académica à covid-19.

O Laboratório de Patologia Clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda também anunciou que está a fazer testes serológicos desde 07 de maio, enquanto o Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte está a fazer testes serológicos desde abril.

Em 19 abril, o consórcio Serology4Covid, que agrega cinco institutos de investigação, lançou um projeto para implementar um ensaio serológico de deteção de anticorpos para a covid-19 na população portuguesa.

Somam-se iniciativas da Fundação Champalimaud que realizou testes serológicos em dois centros hospitalares e do Instituto Gulbenkian de Ciência que realizou testes serológicos também em dois hospitais.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresenta sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.