Segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde (DSG), Portugal regista 1.184 mortes (mais 9 do que ontem) relacionadas com a covid-19 e 28.319 infetados.
Após efetuar habitual leitura dos números mais recentes, o secretário de Estado da Saúde indicou que estão 74 mil profissionais de saúde a fazer vigilância clínica através da plataforma Trace Covid — que neste momento já envolve 345 mil utentes.
A linha SNS 24 continua a ser uma das principais portas de entrada do Serviço de Nacional de Saúde está a receber em média cerca de 7.000 chamadas, mantendo-se a tendência de estabilização "das últimas semanas". Quer nos tempos de chamada quer nos tempos de resposta — que é menos de um minuto.
Desde o dia 1 de abril que a linha de aconselhamento psicológico atendeu 9.500 chamadas (233 por dia), sendo que 1.000 foram efetuadas por profissionais de saúde. António Lacerda Sales indicou que a linha funciona com 54 psicólogos 24 horas por dia e 7 dias por semana.
"Estes psicólogos tiveram formação específica para o efeito, nomeadamente em situação psicológica de crise", disse.
O serviço, porém, é aberto a todos os cidadãos "que não devem hesitar em utilizar em casos de stress, ansiedade ou dificuldades em lidar com o isolamento social".
O secretário de estado adiantou que esta terça-feira chegou um avião com 4.8 milhões de máscaras cirúrgicas, 220 mil zaragatoas e 22 mil fatos de proteção integral. O material encontra-se no laboratório militar e será "distribuído consoante as necessidades".
"Estamos empenhados empenhados em garantir que o Serviço Nacional de Saúde continuar a dar respostas quer covid quer não covid e continuaremos firmes neste caminho", disse antes de serem colocadas as questões por parte dos jornalistas.
"É expectável que todos os dias surjam 200 a 300 novos casos"
O desconfinamento não veio alterar — até ao momento — a curva epidémica. No entanto, a previsão por parte da Direção-Geral da Saúde é que os casos positivos continuem diariamente a aumentar.
"A curva de Portugal não é diferente da curva de outros países europeus. Passaram-se mais de 10 dias sobre as medidas de desconfinamento e não se refletiu, ainda — o que não dizer que não se veja a refletir —, nenhuma influência nessa curva. Tudo indica que apesar de termos desconfinado e retomado a atividade os portugueses mantêm as medidas de segurança", começou por explicar Graça Freitas.
No entanto, salientou que é expectável de que todos os dias existam centenas de novos casos.
"É expectável que todos os dias surjam 200 a 300 novos casos. Hoje ficamos nos 187, mas isto pode variar um bocadinho porque em algumas das regiões do nosso país o vírus ainda circula bastante e ainda podem surgir pequenos surtos. Basta um surto de uma fábrica, de uma creche, para as pessoas serem apanhadas no rastreio como positivas que aumenta o número de casos", concluiu.
Ainda assim, Portugal está dentro do normal e daquilo que é expectável para a evolução da pandemia. Ou seja, o controlo do número de novos casos está a ser conseguido graças às "medidas de saúde publica e com a adesão dos portugueses".
Abertura dos Lares
Sim, as visitas as lares vão ser retomadas na próxima segunda-feira revelou Graça Freitas esta quinta-feira. Contudo, explicou que devido às novas regras e condições, é normal que estes espaços se tenham que reorganizar.
Porque, diz, há uma responsabilidade logística que depende dos locais. No entanto, espera que no início da próxima semana esta seja uma questão resolvida e que seja possível retomar as visitas. O que não quer dizer que não existam exceções.
"Lares que ainda estejam em surto ou tenham doentes internados com covid-19 podem por uma questão de segurança, a autoridade de Saúde poderá não considerar que seja seguro que sejam feitas as visitas. Vai depender muito dos circuitos do lar", referiu.
Os dados relativamente ao número de óbitos também foram hoje atualizados. "Nós temos a reportar no total do país 477 óbitos que lamentamos".
Na região norte 249, na região centro 138, em Lisboa e Vale do Tejo 75, no Alentejo 1 e na região do Algarve, 4.
"Estas instituições são uma grande preocupação de todos nós. São de factos os mais vulneráveis que têm de ser protegidos. Estão a ser tomadas muitas medidas e vamos, como disse, iniciar o retomar das visitas a estas pessoas, mas em segurança, com muitas regras, cuidados e limitações. É uma nova normalidade. Não é um retornar ao passado e ir visitar as pessoas sem um número de comportamentos que têm de ser adotados", disse Graça Freitas.
Distribuição de Máscaras e confiança
António Lacerda Sales apelou para que se mantenha a mobilização da sociedade civil, das instituições e das autarquias.
"Para que nunca falte a nenhum português, seja em que condições for, uma máscara para que possa estar seguro e para que possa ele próprio ser um agente de saúde pública relação à saúde dos outros", frisou.
Já sobre as consequências do descofinamento e o achatamento da curva, o secretário de Estado da Saúde falou na solidariedade e a consciência cívica dos portugueses nos últimos tempos. Mas alertou que quer transmitir confiança, mas sem facilitar.
"Confiança, mas com a salvaguarda da segurança. Não facilitemos. Mesmo numa situação de uma curva estabilizada e uma trajetória favorável penso que essa confiança deve ser excessiva. Confiança, sim. Mas com segurança", reiterou.
A questão do R
Sobre o Valor R — a capacidade que uma pessoa tem de transmitir a doença a outra — a diretora-geral da Saúde indicou que se trata de um parâmetro e que "é apenas um dos indicadores para perceber como é que está a epidemia. Os outros são os novos casos em cada dia, ou seja, a incidência".
"É diferente nós termos um R de 1 com muitos novos casos por dia que originarão muitos outros do que ter R de 1 com poucos casos por dia", explicou.
Em Portugal, atualmente, o R ronda o 1. Isto é, em média, cada pessoa infetada contagia outra. Segundo Graça Freitas, há "pequenas assimetrias regionais".
"Neste momento, Lisboa e Vale do Tejo tem um R ligeiramente superior ao resto do país porque é de facto a região que tem registado mais casos nos últimos dias. Mas não é um número muito elevado e teve pequenos surtos — como na Azambuja e no Montijo — que têm alimentado estes novos casos", afirmou.
Porém, salientou que não é uma situação especial que tenha acontecido depois do desconfinamento. "Temos de aguardar mais uns dias, mas a situação parece-me controlada", frisou.
Testes acumulados
António Lacerda Sales diz que Portugal tem neste momento 584 mil testes acumulados e que são testados, por 1 milhão de habitantes, 56.755 pessoas.
"Creio que somos o sexto país da Europa — a seguir à Lituânia, ao Chipre, Malta, Luxemburgo e Dinamarca — que mais testamos. Estamos a fazer um esforço muito grande para testarmos e reforçarmos esta testagem", afirmou.
Os testes são para continuar, mas tendo em conta a estratificação do risco com aquilo que será a vigilância epidemiológica. "É importante começarmos a definir riscos", disse.
Colonoscopias e endoscopias digestivas
António Lacerda Sales esclareceu que desde janeiro até 8 de maio, há uma "diminuição de cerca de 22%" relativamente à atividade de endoscopias altas e em relação às colonoscopias há "uma diminuição de cerca 25%".
"É uma área que nos preocupa porque cruza muito com a área da oncologia e a detenção precoce de situações oncológicas. Por isso vamos fazer obviamente um esforço para recuperar todas estas endoscopias altas e colonoscopias no mínimo espaço de tempo. Estamos a chamar as pessoas", disse.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.
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