“É algo com o qual não contávamos, mas vamos acatar esta decisão porque preferimos que existam medidas que pequem por excesso do que por defeito. Tudo aquilo que possamos fazer para conter o surto na Misericórdia de Sines e a propagação à população, naturalmente, estamos empenhados”, disse hoje o autarca, em declarações à agência Lusa.

De acordo com dados da Proteção Civil municipal, divulgados na segunda-feira, o concelho de Sines contabiliza 65 casos ativos e três óbitos, a grande maioria está relacionado com o surto na Misericórdia de Sines, onde já foram detetadas 52 pessoas infetados com o vírus Sars-Cov-2, entre utentes e funcionários.

“Esta lista foi feita tendo uma referência definida pelo Governo, de 240 casos por cada 100 mil habitantes e nos 14 dias anteriores superámos largamente esse número. No entanto, era algo que não esperávamos porque desde o início da pandemia, Sines tem tido um comportamento exemplar com números muito abaixo deste limite agora definido”, frisou.

O valor mais elevado de casos (14), desde o início da pandemia, “foi registado no passado mês de setembro”, no concelho de Sines, indicou.

“O facto de termos tido, segundo os nossos cálculos, cerca de 105 casos nesses 14 dias, a grande maioria, registados na Misericórdia de Sines, fez com que ultrapassássemos o número de referência, ou seja 24 casos por cada dez mil habitantes e por isso passámos a figurar entre os municípios desta lista”, acrescentou.

Segundo o autarca, “há um conjunto de medidas que esta resolução obriga e que já estão a ser postas em prática, não só na Câmara Municipal como também em algumas atividades económicas do concelho” de Sines.

“Recordo que entre cinco a seis mil pessoas trabalham no Complexo Industrial e Portuário de Sines e vivem nos concelhos vizinhos. Tendo Sines uma grande ligação ao litoral [alentejano], tudo o que possa acontecer aqui vai ter reflexos em toda a comunidade”, disse o autarca, realçando a importância dos “comportamentos cívicos” adequados ao atual contexto.

Nuno Mascarenhas diz aguardar pelas últimas orientações do Governo “em termos de teletrabalho e de funcionalidade da Câmara Municipal”, garantindo, no entanto, que “os serviços vão continuar a funcionar dentro daquilo que é a normalidade” e a “atividade desportiva condicionada”.

“Em termos de população em geral, é importante ter atenção aos novos horários dos estabelecimentos comerciais, havendo limitações que vão ter um impacto na economia local, mas a Câmara Municipal está atenta e irá tomar medidas a curto prazo para ajudar as atividades que têm sofrido mais com esta pandemia”, concluiu.

O Conselho de Ministros decidiu, no sábado, que 121 municípios vão ficar abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo "oposição fundamentada" pelo trabalhador, devido à covid-19.

Os restaurantes nestes 121 concelhos têm de fechar até às 22:30 e todos os estabelecimentos comerciais terão de encerrar, na generalidade, às 22:00.

Portugal contabiliza pelo menos 2.635 mortos associados à covid-19 em 149.443 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).