Há cerca de um mês, a 31 de outubro, o primeiro-ministro, António Costa anunciou que o Governo ia contratar enfermeiros reformados para fazer rastreios de contactos da covid-19, medida incluída no conjunto de resposta à segunda vaga da pandemia.
“Não temos conhecimento de nenhum processo de contratação de enfermeiros aposentados para este contexto. Há bolsas de recrutamento, mas para a contratação em hospitais específicos”, disse Guadalupe Simões, dirigente nacional do SEP, em declarações à Lusa.
O Sindicato só concorda com esta medida “no contexto de pandemia e de uma extrema dificuldade em contratar enfermeiros porque não existem disponíveis”, fatores que revelam “o quão desfalcado estava o SNS em termos de recursos humanos e a necessidade de existência de um plano de contratação”, acrescentou.
A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, revelou que também não tem conhecimento de contratações, com as quais não concorda.
”Não devíamos estar a trazer reformados para aqui ou para ali, aquilo que temos de fazer é reforçar as unidades de saúde públicas e fazer o melhor possível dentro dos recursos que temos e que estão desorganizados dentro do SNS”, disse à Lusa Ana Rita Cavaco.
Relativamente à vontade destes profissionais aposentados de regressar ao SNS, a Bastonária disse que “eles não têm grande interesse em voltar a trabalhar”, com base naquilo que é do conhecimento da Ordem.
“São pessoas que já trabalharam muitos anos numa profissão de desgaste rápido e de risco, e que nunca foi reconhecida como tal. Não sei se eles quererão regressar depois de terem dado tanto ao país”, revelou Ana Rita Cavaco.
Na opinião do SEP, Guadalupe Simões disse que não existem “dúvidas nenhumas de que há uma grande revolta e até alguma desmotivação por parte dos enfermeiros que sentem que são descartáveis e que não são devidamente reconhecidos.”
Contudo, a dirigente sindical considerou que os profissionais reformados “sentem que as pessoas precisam deles e, por isso, a sua disponibilidade para os doentes e para os serviços é total.”
A contratação destes enfermeiros será feita de forma idêntica aos médicos reformados e vão exercer funções nas unidades de saúde pública das administrações regionais de saúde e das unidades locais de saúde, conforme adiantado pelo primeiro-ministro aquando da comunicação desta medida.
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