“Neste momento, tudo aquilo que podíamos fazer de ensaios não clínicos está feito. Já provámos a eficácia da vacina no modelo animal, já provámos a ausência de toxicidade. O próximo passo seria avançar para ensaios clínicos. O que aconteceu com quase todas as vacinas é que houve um forte apoio do Governo. Apesar dos contactos que houve, do interesse e de algumas reuniões, ainda estamos à espera”, disse à agência Lusa o diretor executivo da Immunethep, Bruno Santos.
Segundo o responsável da biotecnológica sediada em Cantanhede, no distrito de Coimbra, caso já houvesse garantias de financiamento por parte do Governo, a empresa já poderia estar “a pedir autorização dos ensaios clínicos ao Infarmed para começarem” este mês.
“Não tendo o financiamento, poderemos perder alguns meses”, disse, realçando que são necessários cerca de 20 milhões de euros para a fase de ensaios clínicos.
Para Bruno Santos, a forma mais fácil e rápida de financiar o processo passaria “pela compra antecipada de vacinas, tal como foi feito nos Estados Unidos e na Alemanha”.
Já a possibilidade colocada pelo Governo passou pela candidatura a fundos europeus, tendo a empresa fundada em 2014 concorrido a uma linha de financiamento.
“Caso conseguíssemos 80% de financiamento, temos uma série de investidores que se mostraram interessados e conseguiríamos cobrir os outros 20%, mas o valor a ser apoiado pode não ser esse”, notou.
No entanto, o prazo de decisão para a candidatura submetida apenas termina a 31 de dezembro, explicou.
“Com todas as incertezas que temos, que são reais, não consigo estabelecer um prazo. Estou dependente de todas as variáveis, mas perderemos aqui alguns meses num período que seria crítico”, salientou.
Para Bruno Santos, depois de todo o desenvolvimento feito pela empresa, que apresentou uma solução que “ainda é válida e que ainda pode ser útil”, é “um bocadinho frustrante” estar dependente apenas da questão do financiamento.
Mesmo numa altura em que muitos dos países ocidentais têm já grande parte da população vacinada, o cofundador da Immunethep salienta que a vacina continua a ser viável.
“Tem características que a tornam interessante para países em desenvolvimento, pela facilidade de administração, que não precisa de ser por um profissional de saúde, não precisa de uma cadeia de frio e como trabalha o vírus como um todo tem uma cobertura maior das variantes, tornando-a mesmo assim útil para Portugal e para os países desenvolvidos, já que as novas variantes fazem baixar a eficácia de vacinas como a Pfizer ou a Moderna”, realçou.
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