Em conferência de imprensa após uma reunião com responsáveis do planeamento da vacinação, Marta Temido declarou que a Agência Europeia do Medicamento poderá emitir a 23 de dezembro a autorização condicional de introdução no mercado e que as primeiras doses de vacina poderão chegar a Portugal no dia 26.
"A informação mais recente é dessa previsão de entrega ainda no mês de dezembro e, como já está também a ser comunicado pela Comissão Europeia, estima-se que o calendário de vacinação possa ser alinhado entre todos [os países da União Europeia] e possamos começar a vacinar entre 27 e 29 de dezembro", afirmou Marta Temido.
A previsibilidade será então de que o primeiro lote deverá chegar a 26 de dezembro e entre 27 de dezembro e 29 de dezembro, deverá ser iniciada a campanha de vacinação. O primeiro lote será de 9.750 unidades e será para os profissionais de saúde. Em janeiro, presumivelmente dia 4, são esperadas mais 303.55 doses. A governante deu conta que estão previstas 429.000 doses da Pfizer em fevereiro e mais 487.500 em março, sendo que esta quantidade varia em função da população de cada país da União Europeia.
A ministra acrescentou que se está a "ultimar o processo de seleção do grupo que vai ser vacinado com este primeiro lote, nos primeiros dias", mas que "será focado na componente dos profissionais de saúde, na medida em que são aqueles que, na primeira linha, poderão ajudar melhor a proteger os restantes".
Para tal, a Direção-Geral da Saúde já identificou os que estão "mais sujeitos ao risco de contraírem a doença, seguindo o critério da exposição".
"Estamos a falar de profissionais que trabalham em unidades de cuidados intensivos, em serviços de urgência, nos que trabalham em atendimento aos doentes respiratórios covid-19, sejam comunitários ou de urgência hospitalar, profissionais que trabalham em unidades onde há maior risco por libertação de aerosssóis e contacto com utentes eventualmente contagiados por covid", pormenorizou.
"A mensagem é começar por cuidar de quem cuidou tão bem de nós. Este é o primeiro momento. Cerca de uma semana depois, o processo será alargado e, naturalmente, dirigido a toda a população considerada prioritária, designadamente, residentes em lares", acrescentou.
Marta Temido frisou que há mais vacinas na calha para parecer e autorização de introdução no mercado condicional por parte da Agência Europeia do Medicamento, como é o caso da empresa Moderna.
Sobre o processo de receção, distribuição da administração da vacina, a ministra explicou que o processo é exigente e, apesar de o SNS estar habituado ao processo de vacinação, é um processo novo porque "se reveste de uma expectativa diferente". Reiterou, no entanto, que o processo "correrá bem" e que os portugueses podem ter confiança na sua vacinação.
Em relação ao número de profissionais de saúde alocados à vacinação, a ministra relembrou que o SNS tem cerca de 40 mil enfermeiros, sendo que desses, 20% trabalham em cuidados de saúde primários – força de trabalho, por norma, responsável pelo programa de vacinação regular.
A ministra relembrou ainda que a farmacêutica alterou a disponibilidade em função da possibilidade de distribuição para todos os países europeus.
"Vamos ter uma vacinação orgânica", explicou Marta Temido, acrescentando que o processo contará ainda com o envolvimento de outros serviços, nomeadamente "os serviços de saúde ocupacionais das próprias estruturas empregadoras", que será uma capacidade adicional.
"Numa terceira linha recordo que também algumas das estruturas residenciais para idosos, designadamente as que integram a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, têm elas próprias profissionais de saúde e, portanto, estamos, em termos de números de profissionais disponíveis para a vacinação, certamente nas melhores mãos", completou.
Em relação ao envolvimento das farmácias comunitárias no processo de vacinação, referiu que esse recurso poderá ser utilizado numa fase mais avançada, quando for menos impatante e numa altura em que haja maior quantidade, mas que atualmente está a ser gerido "um processo que tem escassez de quantidades", bem como a dividir os grupos prioritários em função dessa escassez, pelo que o está definido neste primeiro momento é o processo ficar "centralizado pelas vias tradicionais".
Sobre o transporte de vacinas e medicamentos, por serem consideradas "operações sofisticadas", a ministra afirmou que serão realizadas por uma "linha de transportadores própria adquirida como um serviço", mas que contará com o apoio das forças de segurança para que possa ser realizado em segurança.
Por fim, frisou que até domingo será divulgado um manual de vacinação dedicado aos profissionais de saúde e para o setor de saúde em geral. Sobre as reações adversas à vacina, a ministra explicou ainda que existe a necessidade de criar um mecanismo adequado ao seu registo e antes da administração da vacina o profissional de saúde deve recolher informação para que o processo ocorra em segurança.
* com Lusa
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