Diz o Público que os investigadores analisaram o rácio entre o número de casos e o número de mortes anteriores ao início da vacinação — ou seja, de setembro de 2020 até ao início de janeiro de 2021 — e utilizaram as estimativas para calcular o valor esperado de óbitos nesta fase atual em que já se nota o efeito da vacinação, especialmente nos mais idosos.

Assim, a equipa do ISPUP calculou o número de mortes evitadas a partir de maio, altura em que terminou o estado de emergência. Milton Severo, epidemiologista e investigador do ISPUP, referiu que "antes disso, como estávamos confinados, era mais difícil perceber o impacto da vacinação", já que ficar em casa também oferece proteção.

Agora, feitas as contas, verifica-se que há "cinco vezes menos" óbitos quando comparado com o final de outubro de 2020, mês em que a incidência era semelhante à atual.

"Estamos a ver claramente os efeitos da vacinação. Se os mais idosos não estivessem vacinados, teriam uma incidência [novos casos] muito superior à que têm atualmente e o número de mortes seria muito superior", explicou o epidemiologista ao jornal.

Carlos Antunes, matemático e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, lembra também, em declarações ao Público, que "há uma redução efetiva da letalidade acima dos 70 anos, que é ainda mais acentuada acima dos 80 anos".

"Antes da vacinação, quando adoeciam, 16,6% [no grupo dos mais de 80] morriam. A partir de março deste ano, a taxa de letalidade diminuiu para 1,4 %. E, na faixa etária entre os 70 e os 79 anos, esta taxa que antes era de 6,4% baixou para 2,5% a partir de março", frisa.

"O efeito da vacinação vê-se pelos dois vectores: a redução da incidência e a redução da gravidade da doença e do número de óbitos", resume o matemático. Todavia, a DGS não referiu ainda quantas pessoas morreram com covid-19 estando já vacinadas.

A quantas anda a vacinação? 

Quase metade da população portuguesa, o equivalente a mais de 4,8 milhões de pessoas, já tem a vacinação completa contra a covid-19, anunciou na terça-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o relatório semanal da DGS, 47% dos portugueses já completaram a vacinação e cerca de 64% - mais de 6,5 milhões de pessoas – já receberam pelo menos uma dose da vacina contra o vírus SARS-CoV-2.

Por grupos etários, 99% dos idosos com mais de 80 anos (676.157) já foram vacinados com a primeira dose e 95% (649.070) já concluíram o seu processo vacinal, percentagens que são muito próximas no grupo entre os 65 e os 79 anos.

Em relação ao grupo entre os 50 e 64 anos, 92% (1.991.296) tomaram pelo menos a primeira dose da vacina e 77% (1.674.816) terminam a vacinação, enquanto na faixa entre os 25 e os 49 anos 66% (2.205.185) já iniciaram a vacinação e 30% (996.581) já a concluíram.

No que respeita à cobertura vacinal das regiões, o Alentejo lidera na percentagem de pessoas com vacinação completa (54%), seguindo-se o Centro (51%), os Açores (49%), o Norte, Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve, as três com 46%, e a Madeira (45%).