Em declarações prestadas no âmbito da audição conjunta da Comissão de Saúde e da Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia, o responsável disse esperar que “a atividade não covid se mantenha, porque não se espera utilizar mais de 20% dos enfermeiros dos centros de saúde”, sustentando ainda a capacidade dos centros de saúde para conduzir e gerir a logística da inoculação das vacinas.

“Se eventualmente, por algum passo de mágica, chegassem agora vacinas, à tarde tínhamos condições para estar a administrar num qualquer centro de saúde em Portugal. Temos uma prática de vacinação enorme e não será por falta de capacidade dos centros de saúde que as vacinas deixarão de ser administradas”, frisou.

Francisco Ramos revelou que serão ainda criadas unidades móveis para a administração das doses, bem como “centros de vacinação” específicos a nível local sob a coordenação dos centros de saúde e “com profissionais 100 por cento dedicados”, com as equipas de enfermagem a assegurar “a qualidade e tranquilidade” do processo.

A capacidade diária de inoculações contra a covid-19 será de 50 mil, segundo o coordenador da ‘task-force’, que destacou as unidades de cuidados na comunidade entre os “principais agentes da vacinação”.

Confrontado com o ritmo do processo de identificação e contacto das pessoas dos grupos prioritários para a primeira fase de vacinação, Francisco Ramos confirmou que “a identificação está já em curso e será acelerada nos próximos dias”, esclarecendo que “as pessoas que não têm registo no Serviço Nacional de Saúde devem munir-se de declaração médica atestando que pertencem ao grupo de risco e dirigir-se ao centro de saúde”, sem deixar de alertar para a necessidade do “timing adequado” para esse passo.

“Já foram contratados 22,8 milhões de doses de vacinas. Diria que já temos vacinas de sobra para a população portuguesa. O que falta é critérios para priorizar a administração, mas todos terão direito a ser vacinados e ninguém será obrigado. O que está a ser feito é identificar a ordem de prioridades de acesso à vacina”, acrescentou.

Sobre a questão da conservação da vacina da Pfizer/BioNTech que será administrada na primeira fase – cujo arranque poderá ocorrer antes de janeiro face à antecipação da decisão da Agência Europeia do Medicamento (EMA) para 21 de dezembro -, o coordenador da ‘task-force’ assegurou que “o único ponto de frio que tem de cumprir os 70 graus é onde as vacinas são recebidas”, pelo que os centros de saúde apenas precisam de um frigorífico comum.

“O que é necessário é ter uma cadeia de distribuição ágil, que garanta que as vacinas não andam a passear por Portugal e que são distribuídas”, observou, salientando a capacidade das caixas específicas para o transporte: “Depois de aberta a caixa há cinco dias para serem administradas as vacinas que contêm, podem ser conservadas no frigorífico. Os pontos de vacinação não precisam de mais do que um frigorífico idêntico aos das nossas casas”.

Para a primeira fase do plano, que deverá decorrer entre janeiro e março de 2021, os pontos de vacinação foram definidos tendo em consideração os grupos prioritários no acesso à vacina: as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares, e profissionais de saúde e de serviços essenciais.

Por isso, a vacina será administrada nos cerca de 1.200 pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados e no âmbito da medicina do trabalho para os profissionais dos serviços essenciais.