“Antecipando já alguma questão neste sentido, acrescento que não houve, em nenhum momento, qualquer indicação da minha parte a esse respeito, até porque não me competia interferir no funcionamento interno da DGRDN [Direção-geral de Recursos da Defesa]”, afirmou João Gomes Cravinho.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, que tutelou a Defesa Nacional entre 2018 e 2022, está a ser ouvido no parlamento a requerimento do PSD e do Chega, em conjunto com a ministra da Defesa, Helena Carreiras.
Em causa está um contrato de assessoria no âmbito da renegociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101, assinado entre a DGRDN e Marco Capitão Ferreira no valor 61,5 mil euros e que foi executado em quatro dias.
Gomes Cravinho sublinhou que a decisão de contratar Marco Capitão Ferreira “foi única e exclusivamente” da DGRDN e do seu então diretor-geral, Alberto Coelho, um dos arguidos na operação ‘Tempestade Perfeita’ também envolvido na polémica derrapagem dos custos das obras do antigo Hospital Militar de Belém.
Os termos do contrato, seja a duração ou o valor, também foram unicamente da responsabilidade de Alberto Coelho, segundo Gomes Cravinho.
“Acrescento ainda que desconhecia os termos do contrato estabelecido”, assegurou.
Sobre a sua relação com Marco Capitão Ferreira, Gomes Cravinho afirmou que não conhecia o ex-governante (que se demitiu há exatamente duas semanas) antes de assumir funções como ministro da Defesa.
“Ao entrar em funções, rapidamente me apercebi de que ele era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado nesta área muito especializada. A sua designação para as funções de presidente da idD [Portugal Defence] ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, e o exercício de funções de responsabilidade”, acrescentou.
Mais à frente, questionado pelo PS, o anterior ministro da Defesa disse que nunca duvidou da competência de Marco Capitão Ferreira, nem viu essas dúvidas na praça pública ou na oposição, até ao momento da saída do anterior secretário de Estado.
Sobre o facto de ter nomeado Capitão Ferreira para a idD Portugal Defence e a Empordef, considerou-a “apropriada” e que o antigo governante “fez um bom trabalho nessas funções.
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