José Manuel Araújo oficializou esta quarta-feira a candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP), cargo ao qual são, para já, quatro os nomes anunciados, Laurentino Dias, de 70 anos, Alexandre Miguel Mestre, de 50, antigos secretários de Estado do Desporto e Juventude e Jorge Vieira, de 69, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) até outubro de 2024, após ter cumprido os termos legais de três mandatos.
“Sou um homem da casa e tenho orgulho em abraçar este desafio”, assumiu José Manuel Araújo ao SAPO24 à margem da apresentação que decorreu no auditório da sede do COP, em Lisboa, evento testemunhado pelo comandante José Vicente Moura, antigo presidente do Comité Olímpico (1990-1993 e 1997-2013), Pedro Flávio (Desportos de Inverno), Fernando Mota (ex-dirigente da federação de Atletismo), Miguel Laranjeiro (FP Andebol), Ricardo Andorinho (ex-jogador de andebol), entre outras figuras do desporto nacional.
“Foi um percurso de três mandatos completos na função de secretário-geral ao lado de José Manuel Constantino. É uma função para a qual me sinto preparado e é um lugar que quero”, exclamou o candidato e secretário-geral do COP, José Manuel Araújo, de 60 anos, 11 dos quais vividos dentro do Comité Olímpico.
“É um lugar que tem o trabalho de muita gente, pessoas que imprimiram o seu ritmo e dinâmica e prestigiaram muito esta instituição com muitos anos e que a tornaram, para mim, a maior instituição desportiva nacional em termos reputacionais”, sublinhou à margem da apresentação dos dez mandamentos para o organismo que quer presidir.
“O COP é uma marca forte e quero usar esse legado de todos para elevar e impulsionar a novos patamares”, acrescentou na oficialização da candidatura, onde apareceu ladeado por Diana Gomes (natação) e João Rodrigues (vela), ex-atletas olímpicos e, respetivamente, atual e antigo presidente da Comissão de Atletas Olímpicos.
“O legado de José Manuel Constantino é positivo para o Comité Olímpico de Portugal. Cada um vai ter de saber usar esse legado e vai ter de fazer mais alguma coisa. Tenho objetivos claros e vou usar o legado para crescer”, acrescentou.
Na corrida à liderança do organismo olímpico, o atual secretário-geral do COP, cargo que ocupa desde março de 2013, terá a concorrência de dois antigos secretários de Estado da Juventude e do Desporto: Laurentino Dias, jurista que exerceu a tutela da pasta durante os executivos de José Sócrates (2005-2011) e Alexandre Miguel Mestre, advogado, responsável do Desporto no Governo de Pedro Passos Coelho (2011-2013).
Questionado sobre se a presença de dois ex-secretários de Estado de dois dos partidos do arco da governação eram um sinal de que o combate político se prepara para imiscuir na discussão desportiva, recuperou a componente reputacional.
“Falei da reputação do COP após o trabalho destes anos todos em colocar o Comité numa posição institucional que me parece que deve estar em salvaguarda de outro tipo de influências”, recordou.
“O nosso objetivo é pensar o desporto, trabalhar para o desporto e o compromisso é estar com as federações e com os atletas”, defendeu.
“Naturalmente, há pessoas que têm uma origem mais intensamente partidária e que tenham demonstrado essa vontade (de candidatar). Não me revejo nessa leitura, sou funcionário da Assembleia da República há 33 anos, e trabalhei e trabalho com todos os setores e essa é uma das áreas que me orgulho, ser capaz de poder estabelecer diálogo e trabalhar com todos. Portanto, uma visão menos restritiva parece menos aconselhável para o futuro do Comité Olímpico”, frisou José Manuel Araújo, diretor de Informação e Cultura da Assembleia da República.
E continuou. “É legítimo que se apresentem como candidatos, agora quem vota é que deve perceber qual o verdadeiro objetivo e de que forma o COP se deve posicionar. Ou continua como tem sido até agora, uma entidade absolutamente independente e imune às oscilações governamentais, ou não”, apontou.
Entre os propósitos que defende para a instituição, o primeiro português eleito para uma Comissão Executiva dos Comités Olímpicos Europeus afirma que a sua ambição não se esgota no espaço do Velho Continente.
“Falta um representante português no Comité Olímpico Internacional, que terá eleições em março. E é para isso que vamos trabalhar. Como? Muito na base da persistência, da capacidade, da reputação internacional e da capacidade de poder organizar grandes eventos internacionais, como foi o Congresso dos Comités no Estoril e será os Jogos do Mediterrâneo (2027), o prestígio que se vai alcançar de influenciar, falar com as pessoas certas para encontrar a solução certa para ter esse objetivo conseguido”, enunciou.
“José Lima Bello (eleito em 1989) saiu, não passou e não preparou esse testemunho e deveria ter preparado. Ele ficaria honorário, conforme sua vontade, mas traria um português para se manter no COI. Não aconteceu. Vamos mudar, vamos lutar para que tenhamos um representante português na comissão do Comité Olímpico Internacional”, finalizou José Manuel Araújo, que reforçou que “a voz dos atletas estará muito presente na comissão executiva" à qual se candidata.
Os quatro candidatos assumidos até à data - José Manuel Araújo, Laurentino Dias, Jorge Vieira e Alexandre Mestre - irão agora procurar reunir as subscrições necessárias (8 das 33 federações olímpicas) para se apresentarem ao ato eleitoral que decorrerá em março de 2025.
Artur Lopes lidera os destinos do organismo olímpico desde a morte de José Manuel Constantino, em agosto.
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