"A miséria humana chegou ao ponto máximo na Europa. As condições em Idomeni são desumanas", disse à AFP o porta-voz do ACNUR, Babar Baloch. "Dificilmente se pode imaginar até que ponto a situação se vai deteriorando todos os dias, com a chuva. As pessoas sofrem", acrescentou.

Cerca de 12.000 imigrantes e refugiados amontoam-se no acampamento de Idomeni, segundo dados oficiais publicados pelas autoridades gregas. Outros 2.000 também estariam acampados nos arredores, segundo ONGs. As condições de higiene são particularmente más. As casas-de-banho estão inundadas, e dezenas de crianças tiveram de ser hospitalizadas nos últimos dias devido ao frio, a problemas respiratórios e outras questões de saúde. Uma menina síria de nove anos foi internada em Tessalónica com hepatite A, anunciou o Centro de Prevenção de Doenças (Keelpno), acrescentando que o seu prognóstico é "estável".

Dadas as péssimas condições, centenas de refugiados começaram a voltar para Atenas, onde são dirigidos para abrigos, ou para hotéis. Novos grupos de refugiados chegam todos os dias a Idomeni com a esperança de que a fronteira seja reaberta. Neste domingo, um grupo de 200 refugiados - formado por famílias sírias e iraquianas com os filhos - voltou a manifestar-se à entrada de Idomeni, pedindo a abertura da fronteira.

O Ministério de Política Migratória distribui diariamente entre os imigrantes folhetos em árabe, pashtun e farsi, solicitando-lhes que "cooperem com as autoridades gregas para serem transferidos para centros de acolhimento" longe da fronteira. "Esperamos que as autoridades gregas ajam rapidamente neste sentido porque ficar aqui, mesmo que seja um minuto a mais, não é uma opção", concluiu Babar Baloch. No entanto, muitos negam-se a deixar Idomeni, esperando que, na cimeira europeia de 17 de março, sejam tomadas decisões que lhes sejam favoráveis, e sejam reabertas as fronteiras.