“Ela encontra-se num local seguro no Paquistão”, disse um porta-voz do ministério, Muhammad Faisal, depois de vários media terem referido que Asia Bibi, condenada à morte por blasfémia e detida desde junho de 2010, tinha abandonado o país durante a noite.
“Ela foi libertada e disseram-me que estava num avião, mas ninguém sabe onde vai aterrar”, tinha dito antes Saiful Malook, advogado da paquistanesa, num comunicado enviado à agência France-Presse.
A vida de Asia Bibi estará em risco no seu país, uma vez que os extremistas islâmicos rejeitam a decisão do Supremo de libertá-la.
A família pediu nos últimos dias a ajuda de vários países ocidentais para os receber e Saiful Malook disse na Holanda no fim de semana ter sido obrigado a sair do Paquistão por se ter tornado também um alvo dos islamitas radicais.
O anúncio da libertação de Asia Bibi causou indignação entre os radicais que há muito exigem a sua execução.
O partido radical paquistanês Tehreek-e-Labbaik Paquistão (TLP) vai reunir hoje a sua direção para “analisar toda a situação”, disse o seu porta-voz Pir Ijaz Ashrafi à agência France-Presse.
O TLP esteve no centro da vaga de protestos que se seguiu à absolvição de Bibi, paralisando o país durante três dias e forçando o governo do primeiro-ministro, Imran Khan, a assinar um controverso acordo, comprometendo-se a tentar proibir a cristã de deixar o território e a não se opor a um recurso apresentado por um religioso contra o veredicto do Supremo.
Asia Bibi, com cerca de 50 anos e mãe de cinco filhos, foi acusada de blasfémia em 2009, após ter alegadamente insultado o profeta Maomé durante uma discussão com um grupo de mulheres com quem trabalhava, enquanto recolhiam água de um poço.
Em novembro de 2010, um tribunal paquistanês decretou a pena capital, mas a sentença só foi confirmada quatro anos depois pelo Supremo Tribunal de Lahore, capital da província de Punjab, onde ocorreu o incidente.
A blasfémia é uma questão extremamente sensível no conservador Paquistão e mesmo acusações não provadas resultam muitas vezes em violência popular. O caso de Asia Bibi tem originado críticas internacionais contra o país islâmico.
Em 2011, o ex-governador de Punjab Salman Taseer, que defendia publicamente a causa de Asia Bibi, foi morto a tiro por um dos guarda-costas, Mumtaz Qadri, executado anos depois.
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