“Os trabalhos de reconstrução deverão estar, na maioria dos casos, concluídos até final de 2022″, é referido no relatório sobre os prejuízos provocados pela intempérie divulgado hoje, após uma reunião entre o Governo da Madeira e o executivo da Câmara de São Vicente, onde se localizam as freguesias de Ponta Delgada e Boaventura.
No documento, os prejuízos totais são estimados em 40.579.291,00 euros, incluindo os danos provocados na rede viária regional (17,8 milhões de euros), rede hidrológica (16 milhões de euros), habitações e realojamentos (628.800 euros), rede de água de rega (1,9 milhões de euros), fornecimento de energia elétrica (500 mil euros) e reposição e reconstrução do património municipal (3,7 milhões de euros).
No apuramentos dos dados estiveram envolvidas a Câmara Municipal de São Vicente, as direções regionais de Estradas e do Equipamento Social e Conservação, o Laboratório Regional de Engenharia Civil, além das sociedades de capitais públicos Investimentos Habitacionais da Madeira, Águas e Resíduos da Madeira e Empresa de Eletricidade da Madeira.
No relatório é recordado que “a precipitação que se fez sentir em toda a ilha no dia 25 de dezembro de 2020 foi particularmente intensa nas vertentes a norte, nas áreas geográficas das freguesias de Ponta Delgada e de Boaventura”.
Nesse dia, é indicado, nas duas freguesias “foram contabilizadas quatro vagas de precipitação intensa com picos variáveis entre os 18 mm/h e os 37 mm/h”, entre as 02:00 e as 23:00.
A “precipitação que originou a aluvião foi, a todos os níveis, excecional, tendo desencadeado diversas instabilidades geológicas em vertentes inclinadas e densamente arborizadas, a maioria das quais entre as cotas 200 e 400″, lê-se no documento.
O fenómeno provocou “mais de seis dezenas de deslizamentos de terras que, no total, mobilizaram mais de 40.000 metros cúbicos de material rochoso e árvores de grande porte”, o que, segundo as estimativas do Laboratório Regional de Engenharia Civil, deixou “80 metros quadrados de cicatrizes nas encostas de Ponta Delgada e de Boaventura”.
“As áreas afetadas pelas derrocadas e pelos fluxos detríticos ultrapassam os 175.000 metros quadrados”, é apontado.
No levantamento efetuado aos prejuízos foi apurado que os danos materiais provocados pela aluvião nas redes viária municipal e regional, em veredas, na rede fluvial, no parque habitacional e nas redes de distribuição de água potável, adutora e distribuidora de água de rega, de fornecimento de energia elétrica e em diversos múltiplos equipamentos, ascende a cerca de 29 milhões de euros.
Deste valor, “cerca de 1,9 milhões de euros (5%) refere-se ao custo das intervenções imediatas, já realizadas pelo Governo Regional e pela Câmara Municipal, para repor, nas condições possíveis, os acessos e os serviços essenciais” na desobstrução da rede viária, limpezas de vias públicas e outras para garantir “a segurança da população e das atividades sociais e económicas” daquelas localidades, é referido.
O valor correspondente à reparação e reconstrução da rede viária regional (17,5 milhões de euros), representa 61% do total, o que evidencia “o impacto da aluvião ao nível das vias públicas regionais, cujos danos isolaram ou condicionaram os acessos a alguns núcleos urbanos durante o período da realização de trabalhos de desobstrução e limpeza precária”, é ainda indicado.
Para “a reabilitação de 20 moradias danificadas pelos fluxos detríticos” a despesa prevista é de 628 mil euros (2% do total)”, o que inclui “os encargos dos realojamentos de quatro famílias cujas moradias deixaram de oferecer condições de habitabilidade por terem sido severamente danificadas”.
A Câmara Municipal de São Vicente será responsável por uma despesa de 3,7 milhões de euros (13% do total), destinados à reabilitação e reconstrução do património municipal danificado, como arruamentos e passeios, veredas, muros de suporte e o cemitério municipal de Ponta Delgada, entre outros trabalhos.
“O Governo Regional pretende ainda realizar, a médio prazo, um conjunto de medidas estruturais para mitigação do risco, no valor de 11,5 milhões de euros, tendo por objetivo a melhoria das condições e da segurança dos escoamentos fluviais nas áreas afetadas pelo evento”, é referido.
Comentários