Numa declaração no Palácio Presidencial, em Atenas, onde foi recebido pelo Presidente da República Helénica, Prokopios Pavlopoulos, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu também que a União Europeia não pode sacrificar a coesão social com argumentos financeiros.

O chefe de Estado reiterou que Portugal e Grécia convergem em pontos essenciais da política europeia e, com Pavlopoulos ao seu lado, afirmou: "Uns e outros, acreditamos na União Europeia, e sabemos que este momento é um momento crucial para o futuro da União Europeia".

"Sim, senhor Presidente, foi o projeto europeu que permitiu o nosso reencontro, depois de tantos, tantos, tantos passos de um caminho vivido em comum. E será através do projeto europeu que teremos de continuar a batalhar para garantirmos um futuro muito melhor para os nossos filhos, os nossos netos e todas as gerações vindouras, combatendo tentações nacionalistas, populistas, xenófobas, demagógicas", sustentou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal e Grécia convergem em relação à conclusão da união económica e monetária e da união bancária, em matéria de migrações e de refugiados e também relativamente ao próximo quadro financeiro da União Europeia.

"Convergimos na construção de um quadro financeiro plurianual que seja equilibrado e justo e virado para o futuro. Convergimos na defesa da coesão social e da preocupação com a necessidade de não sacrificar os reequilíbrios dessa coesão no seio da União Europeia, porque sabemos que não há argumentos financeiros que possam ultrapassar as preocupações com as pessoas e que há um ajustamento constante a fazer a pensar nas pessoas, nos europeus", acrescentou.

De acordo com o Presidente da República, a proximidade do projeto europeu às pessoas é fundamental, "só essa proximidade permite afastar os tais perigos dos desequilíbrios nos sistemas políticos, económicos e sociais, dos ceticismos, dos populismos, das demagogias".

Marcelo Rebelo de Sousa está na Grécia desde segunda-feira, a convite do seu homólogo grego, para uma visita de Estado de dois dias e meio, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e por deputados dos cinco maiores partidos com assento parlamentar.

Depois de ouvir Prokopios Pavlopoulos falar sobre as relações com a Turquia, a questão da designação da vizinha Macedónia e a situação da ilha de Chipre, o Presidente da República afirmou que Portugal apoia "tudo o que possa ser feito no tocante à boa vizinhança" e que contribua para a paz.

"Por isso, estamos tão atentos ao que se passa no Mediterrâneo, ao que se vive no Próximo e Médio Oriente. Por isso, acompanhamos de forma tão próxima os esforços constantes do secretário-geral das Nações Unidas no tocante a Chipre. Por isso, partilhamos o entendimento de que a pertença à União Europeia exige a aceitação e a vivência dos valores fundamentais que caracterizam a União e, neles, do Estado de direito democrático em particular", referiu.