deHillary Clinton afirmou que a "questão central" destas eleições é decidir "que país queremos ser", e garantiu que como presidente irá "construir uma economia que funcione para todos e seja mais justa, começando pela elevação do salário mínimo". "Precisamos de novos empregos, de bons empregos para todos". A democrata recordou que há apenas oito anos os EUA enfrentaram "a sua pior crise financeira", provocada, disse, por políticas fiscais que reduziram drasticamente os impostos sobre os mais ricos e fracassaram em investir na classe média.

Trump retomou as críticas aos tratados de livre comércio insistindo no facto de os empregos dos americanos estarem a "sair do país", e citou como exemplo de deslocalização o México e a China. "Temos de renegociar os nossos acordos comerciais e temos que impedir que estes países continuem a roubar as nossas empresas e os nossos postos de trabalho (...). As companhias estão a ir-se embora", afirmou o republicano, qualificando o sistema de intercâmbio comercial com o México de "deficiente" desde o início. Os EUA "estão com problemas, não sabem o que fazer diante das desvalorizações nestes outros países, especialmente na China". "O que estão a fazer connosco é muito triste. Vou trazer os empregos de volta. Você não o fará", disse Trump a Clinton. A isto, a candidata democrata respondeu que Trump "vive uma realidade própria".

Num outro momento quente do debate, Trump declarou que mostrará a sua declaração de rendimentos quando Clinton divulgar os emails que apagou do seu servidor pessoal. "Irei mostrar as minhas declarações de rendimento, mesmo contra a vontade do meu advogado, quando ela divulgar os  33 mil emails que apagou". "Não acredito que vá divulgar as suas declarações de rendimento, porque há algo que está a esconder", rebateu Clinton.

A certidão de nascimento de Barack Obama, que Trump se orgulha de ter perseguido como objectivo, constituiu um dos pontos de maior fricção, com Clinton a acusar Trump de ter baseado a sua carreira política na "mentira racista". Trump "realmente começou a sua carreira política sobre a mentira racista de que nosso primeiro presidente negro não é um cidadão americano". O republicano ripostou contra a ex-secretária de Estado afirmando de Hillary gerou um "caos completo" no Oriente Médio. "O Médio Oriente tornou-se num caos total, em grande medida durante a direção de Clinton no departamento de Estado", afirmou Trump.

"Quero ajudar todos os nossos aliados, mas estamos a perder milhares de milhões de dólares. Não podemos ser a polícia do mundo, não podemos proteger todos os países do mundo", declarou o republicano.

Rejeição recorde

Hillary, de 68 anos, e Trump, de 70, são os candidatos com o maior índice de rejeição registado entre nomeados pelos dois principais partidos dos EUA. A sondagem da Universidade Quinnipiac, divulgada nesta segunda-feira, atribui a Hillary 44% de apoio e a Trump 43%, um resultado "muito apertado" que constitui um empate virtual, segundo os responsáveis por esta análise.

Embora os resultados das sondagens tenham vindo a variar amplamente nos últimos dois meses, no início da campanha, Hillary tinha uma vantagem de dois dígitos sobre Trump, e apesar dos espetaculares gastos de campanha esta superioridade desapareceu. O debate foi o primeiro de três, que vai acontecer num período de três semanas, e serão organizados por temas: o rumo dos Estados Unidos, a prosperidade e a segurança.