Numa declaração a partir de São Bento, António Costa começou por referir que as pessoas têm sabido respeitar as novas restrições impostas aos espaços e serviços públicos e comerciais, reforçando o "sentimento de pertença à comunidade" necessário durante o surto.
Relativamente à reunião com Pedro Sánchez e Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro referiu que amanhã haverá uma reunião dos ministros da Administração Interna e Saúde sobre a fronteira externa da União Europeia, "para uma decisão comum".
"Amanhã serão definidas as regras que deverão passar por manter a livre circulação de mercadorias e garantir os direitos dos trabalhadores, mas deverá haver uma restrição para efeitos de turismo ou lazer, o que é importante tendo em conta que sabemos que, nas férias da Páscoa, há tradicionalmente um aumento de turistas", afirmou António Costa.
Desde sábado, estão a decorrer "ações conjuntas da GNR, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e Direção-Geral da Saúde (DGS) para ações pontuais de controlo da fronteira terrestre", conforme já tinha anunciado o executivo.
Sobre novas medidas, António Costa referiu que situação irá sendo avaliada, tendo em conta que a pandemia vai continuar a evoluir. O primeiro-ministro recordou ainda que as pessoas têm estado "serenamente" a acatar as regras, mas que o Estado tem meios para "fazer proceder ao confinamento profilático de qualquer cidadão". Na Lei de Bases da Proteção Civil, pode-se ainda avançar para o nível de calamidade, que pode trazer mais restrições à liberdade de circulação.
O primeiro-ministro referiu ainda que, se necessário, pode ser decretado Estado de Emergência. Contudo, para já, as restrições têm sido cumpridas e "não há necessidade" de reforço neste sentido — mas se Marcelo entender que tal é necessário o Governo não vai dar "parecer negativo".
"Não faremos nada em excesso na restrição de direitos e liberdades", rematou.
António Costa disse também que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai convocar "brevemente" uma reunião do Conselho de Estado, em data a anunciar, para analisar a situação do país devido à pandemia de Covid-19.
O primeiro-ministro considerou ainda "inspirador" o "recolhimento voluntário" do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para a forma como os portugueses devem comportar-se perante a pandemia.
Questionado sobre se Portugal deve avançar para uma situação de quarentena, Costa lembrou que a solução adotada em Espanha é semelhante ao que Portugal já impôs, limitando a circulação ao estritamente necessário. Referindo um exemplo pessoal, o primeiro-ministro referiu que "nos passeios com os cães", em Lisboa, tem visto que a cidade está "um deserto". Porém, se for verificado um incumprimento dos alertas e "falta de civismo", novas medidas terão de ser impostas.
O Covid-19
No total, Portugal registou até ao momento 2271 casos suspeitos.
Há 281 casos a aguardar confirmação de resultados laboratoriais.
A par, há 4592 casos a serem vigiados pelas autoridades.
Os dados da DGS indicam ainda que há 1.746 casos de doentes que eram suspeitos, fizeram o teste e o resultado foi negativo.
Neste momento há 14 cadeias de transmissão e os casos importados são de Alemanha/Áustria (1), Andorra (1), Bélgica (1), Espanha (16), França (9), Itália (14) e Suíça (5).
Lisboa e Vale do Tejo é agora a região que regista o maior número de casos confirmados (116), seguida da região Norte (103), e das regiões Centro e do Algarve (10). Há um caso nos Açores e cinco casos confirmados no estrangeiro.
O Alentejo e a Região Autónoma da Madeira são agora as únicas sem casos registados pela DGS.
Se considerarmos as faixas etárias, há 1 caso até aos nove anos de idade, 25 casos entre os 10 e 19 anos, 28 casos entre os 20 e os 19 anos, 55 casos entre os 30 e 39 anos, 53 casos entre os 49 e os 49 anos, 43 casos entre os 50 e os 59 anos, 18 casos entre os 60 e os 69 anos e 22 casos de pessoas com mais de 70 anos.
Até ao momento estão 139 casos internados, nove dos quais na unidade de cuidados intensivos e há registo de dois casos recuperados. Isto significa que há 106 pessoas a recuperar em casa.
Os principais sintomas são tosse (53%), febre (31%), dificuldade respiratória (9%), cefaleia (19%), dores musculares (18%) e fraqueza generalizada (13%).
A Ministra da Saúde, Marta Temido, declarou sábado que Portugal entrou "numa fase de crescimento exponencial da epidemia", no mesmo dia em que a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou o número de casos de infeção confirmados para 169.
Nessa noite, e numa mostra de solidariedade para com os profissionais de saúde do país, Portugal foi às janelas aplaudir o seu esforço e dedicação nesta hora crítica.
Há todavia boas notícias a registar. Em comunicado, o Ministério da Saúde informa que o Instituto Ricardo Jorge "sequenciou o genoma do coronavírus SARS-CoV-2 associado aos dois primeiros casos de Covid-19 detetados em Portugal".
A sequenciação do genoma do novo coronavírus "pode revelar-se uma ferramenta importante a vários níveis, nomeadamente para a ação em saúde pública no contexto de surto, pois, além de poder sustentar cadeias de transmissão identificadas a nível epidemiológico, poderá também desvendar novas cadeias, bem como identificar a origem de novas introduções do vírus em Portugal", explica o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge em comunicado.
Em causa está a sequenciação de dois casos confirmados a 2 de março aos quais estavam associadas viagem a Itália e a Espanha.
Assim, isto irá "contribuir para melhorar o conhecimento da variabilidade genética deste novo vírus à escala mundial, o que permitirá um melhor desenvolvimento de medidas profiláticas (vacinas) e terapêuticas".
As conclusões do Instituto Ricardo Jorge "foram imediatamente partilhadas a nível internacional, através da plataforma online Nextstrain e do repositório GISAID".
Para efetuarem a sequência do genoma do novo coronavírus, os investigadores do Instituto Ricardo Jorge "amplificaram laboratorialmente o material genético do vírus e de seguida a sequência completa do genoma foi identificada com recurso a tecnologias de sequenciação de nova geração e análise bioinformática, efetuada através da plataforma online INSaFLU."
A sequenciação destes primeiros casos envolveu profissionais de várias instituições, incluindo as equipas clínicas dos Hospitais São João e Santo António do Porto e de laboratórios dos departamentos de Doenças Infeciosas (DDI) e de Genética Humana do Instituto Ricardo Jorge (Laboratório Nacional de Referência para a Gripe e outros Vírus Respiratórios, Unidade de Tecnologia e Inovação e Núcleo de Bioinformática do DDI), informa o Ministério da Saúde.
O próximo passo é sequenciar "o genoma do vírus associado a novos casos de Covid-19 em Portugal".
Na sequência deste surto, o governo declarou o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e anunciou a suspensão das atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira.
A restrição de funcionamento de discotecas e similares, a proibição do desembarque de passageiros de navios de cruzeiro, exceto dos residentes em Portugal, a suspensão de visitas a lares em todo o território nacional e o estabelecimento de limitações de frequência nos centros comerciais e supermercados para assegurar possibilidade de manter distância de segurança foram outras das medidas aprovadas.
Ontem mesmo, o Governo decretou que os bares vão ter de fechar portas a partir das 21:00 e a Autoridade Marítima Nacional interditou todas as atividades desportivas ou de lazer que impliquem aglomerados de pessoas, nas praias do Continente, Madeira e Açores.
Um decreto-lei do Governo publicado na sexta-feira determinou ainda que os trabalhadores podem optar pelo regime de teletrabalho aprovado no âmbito das medidas excecionais relacionadas com a Covid-19 sem que seja necessário o acordo do empregador, desde que a prestação à distância seja compatível com as suas funções.
Já tinham também sido tomadas outras medidas em Portugal para conter a pandemia, como a suspensão das ligações aéreas com a Itália.
A Organização Mundial da Saúde declarou entretanto que o epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se deslocou da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários site onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
(Notícia atualizada às 19h55)
Comentários