Com a campanha “Estes transportes não me servem – faça greve ao seu carro”, lançada no final de junho, a delegação da DECO no Algarve pretende compreender a razão pela qual a utilização de transportes públicos coletivos na região é tão reduzida, mobilizando os utentes a intervir.
Em declarações à Lusa, Sandra Rodrigues, da DECO/Algarve, explicou que, durante muitos meses, após o lançamento da plataforma para registo de queixas neste setor, em março de 2016, praticamente não existiam reclamações do Algarve, o que levou a equipa a tentar perceber o que se passava.
“No Algarve não havia reclamações, não porque os transportes funcionassem muito bem, mas porque a rede é tão ineficiente e pouco útil que as pessoas acabam por não a usar”, referiu, acrescentando que, no espaço de um ano houve 34 queixas relativas aos transportes coletivos no Algarve, com os concelhos de Faro, Albufeira, Olhão e Tavira a serem os mais visados.
Ao abrigo da campanha serão realizadas cinco viagens de autocarro, com diferentes percursos e em que serão convidados representantes de entidades públicas da região, para tentar expor as fragilidades de cada viagem.
A DECO já realizou duas das viagens – uma entre a cidade de Faro e o aeroporto de Faro, e outra entre a Tôr e a cidade de Loulé -, prevendo-se que a terceira aconteça no dia 17 de outubro, tendo como cenário um residente em Albufeira que estude na Universidade do Algarve, em Faro.
“Para um estudante que entre para a Universidade do Algarve e viva em Albufeira, por exemplo, é mais viável ir viver para Faro do que comprar os passes necessários para fazer aquele trajeto”, resumiu Sandra Rodrigues, sublinhando que para estar nas aulas às 08:30 o estudante teria que adquirir dois passes.
Segundo aquela responsável, não existem carreiras de autocarro ou comboio compatíveis com o horário de início das aulas, para aquele trajeto de aproximadamente 45 quilómetros, uma vez que o primeiro parte de Albufeira em direção Faro às 07:30, sendo ainda necessário apanhar um autocarro de Faro para o campus de “Gambelas”, onde se concentra o maior número de alunos.
A DECO/Algarve vai ainda agendar mais duas viagens – em Tavira e em Portimão -, estimando que a campanha decorra até novembro, para depois ser feito um balanço.
“Gostaríamos de nos reunir com as classes políticas para tentar ver alternativas, possibilidades, mais soluções para que quem vivesse cá pudesse usar os transportes públicos como uma alternativa viável no seu dia a dia”, sublinhou, observando que o debate sobre o tema se torna ainda mais premente devido à proximidade das eleições autárquicas.
Desde março de 2016 que a plataforma www.queixasdostransportes.pt está ao dispor dos utentes que pretendam reclamar sobre os transportes públicos coletivos.
Desde então, a nível nacional, 3.300 utentes reclamaram dos serviços prestados pelos transportes públicos, sobretudo da diminuição e/ou supressão das linhas ou carreiras, dos atrasos e das condições de higiene e conforto dos equipamentos.
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