A vinda do arquiteto, que recebeu o Prémio Aga Khan de Arquitetura em 2004, é organizada pela editora AMAG, e enquadra-se na programação da Concreta, que vai decorrer na Exponor, onde a exposição se manterá patente ao público até 24 de novembro.

Nativo de Burkina Faso, Francis Kéré, é fundador e arquiteto do escritório Kere Architecture, sediado em Berlim, e tem vindo a desenvolver uma arquitetura voltada para a responsabilidade e consciência social, numa abordagem que junta arquitetura e design em compromisso com materiais sustentáveis, e modos de construção singulares.

Na sua arquitetura, promove o envolvimento e contributo da comunidade, iniciativa que lhe valeu o Prémio Aga Khan de Arquitetura atribuído à sua primeira obra construída, a escola primaria de Gando, em Burkina Faso.

Entre os seus projetos no país de origem estão a Assembleia Nacional do Burkina Faso, a Clínica Cirúrgica, o Centro de Saúde Léo (2014), a Escola Secundária Lycée Schorge (2016) e, no continente americano, o pavilhão de reunião Xylem, para o Tippet Rise Art Center (2019), na área norte do Parque Nacional de Yellowstone, em Montana, nos Estados Unidos.

Kéré recebeu o diploma de arquitetura da Technische Universität em Berlim (2004), tendo aprendido a arte de carpintaria em Burkina Faso enquanto na Alemanha adquiriu técnicas de construção inovadoras e uma estética de desenho simplificado.

Em Portugal, no Porto, fará a primeira exposição individual do seu trabalho – que o arquiteto inaugura no dia 21 de novembro, às 17:00 – realizará uma conferencia e estará no lançamento de uma monografia que reúne todos os seus principais trabalhos, numa única publicação.

A nível mundial, o trabalho de Francis Kéré revelou-se em espaços expositivos como o Serpentine Pavilion (2017) e o Coachella Valley Music and Arts Festival (2018), com as participações na Bienal de Arquitetura de Veneza (2016 e 2018), e em várias exposições individuais, incluindo no Museu do Instituto de Crédito Oficial, em Madrid (2018), e, em 2016, no Museu da Arquitetura de Munique (Architekturmuseum), na Alemanha, e no Philadelphia Museum of Art, nos Estados Unidos.

O trabalho de Francis Kéré foi ainda selecionado para exposições coletivas dedicadas à arquitetura em África: “Arquitetura, Cultura e Identidade”, no Museu de Arte Moderna do Louisiana (2015), “Pequena Escala, Grande Mudança: Novas Arquiteturas de Engajamento Social”, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (2010), e “Sensing Spaces”, na Royal Academy, Londres (2014), no Reino Unido.

Num comunicado divulgado pela organização da vinda do arquiteto africano a Portugal, é citado o presidente da Ordem dos Arquitetos, José Manuel Pedreirinho: “Nativo de Burkina Faso, formado e a viver na Europa, Francis Kéré, através da sua obra, é a expressão da procura de uma aproximação a um entendimento profundamente intercultural”.

O presidente da Ordem dos Arquitetos portugueses assinala ainda que vivemos numa época de “globalização cultural, que muitos confundem com homogeneização”, e que “há cada vez mais obras que são o reflexo e a expressão dessa miscigenação e de uma multiculturalidade que procura ser a expressão de uma forte interculturalidade”.

Para o arquiteto português, Kéré “é toda a pluralidade destes modos de pensar e fazer uma arquitetura da globalização, mas que se mantém nas antípodas de qualquer forma de homogeneização, que faz [da sua obra] uma arquitetura do lugar, feita para e pelas pessoas, genuína e fascinante”.