“Desafio a direção nacional e o país: proponhamos ao PS uma revisão constitucional para refundar o nosso sistema politico, uma revisão constitucional onde se consagre o princípio de solidariedade intergeracional, que aprofunde a defesa do meio ambiente e lance as bases da reforma do sistema politico. Verão que, no que é essencial o PS dirá que não, porque está agrilhoado ao BE e ao PCP”, afirmou, na sua intervenção perante o 38.º Congresso do PSD.
“É hora de deixarmos de ser socialistas de segunda”, acrescentou, recebendo da sala do Congresso quer palmas quer assobios.
Hugo Soares respondeu: “Quer aplausos quer assobios são sempre música para os meus ouvidos”.
O antigo líder parlamentar do PSD, um dos principais apoiantes de Luís Montenegro, contestou uma parte do discurso de sexta-feira de Rui Rio, quando o líder afirmou que nas últimas eleições os dois principais partidos saíram reforçados.
“Ora o PSD perdeu eleitores, o PSD perdeu deputados, o PSD perdeu as eleições, o PSD saiu reforçado onde? O PS ganhou as eleições que não tinha ganho em 2015, teve mais votos e mais deputados, onde está o reforço eleitoral do PSD?”, questionou.
Hugo Soares disse que não é por o candidato que apoiou ter saído derrotado que irá mudar de opinião: “Divirjo profundamente nesta ambição do que deve ser o PSD, nós no PSD não nos congratulamos coma vitória do dr. António Costa”.
“Nunca fomos nem queremos ser o PCP, não transformamos derrotas copiosas em vitórias eleitorais”, avisou.
Seguiu-se, no púlpito, a resposta do deputado e dirigente André Coelho Lima, apoiante de Rui Rio.
“Não deixa de ter piada que ouvimos o companheiro que nos antecedeu dizer isto: quando nos movemos por convicções não são os resultados eleitorais que limitam os nossos movimentos. O que não imaginava era ver, em menos de cinco minutos, dizer uma coisa e o seu contrário como acabamos de ver agora mesmo. É de facto extraordinário”, criticou.
Para André Coelho Lima, “o PSD precisa de preparar as autárquicas”, considerando que o partido teve nas diretas que reelegeram Rui Rio “um momento de consolidação” que “não é interna, mas sim externa”.
“A clareza e a clarificação do ato eleitoral do PSD não é só importante para o PSD, é importante para o país”, alertou.
Antes, já outro destacado apoiante de Rio e vogal da Comissão Política, Maló de Abreu, defendeu que todos no PSD estão convocados para a principal batalha eleitoral: as autárquicas de 2021.
“Não há oficiais, sargentos e praças, estamos todos convocados porque somos todos soldados, quem não aceita ou rejeita missões difíceis, não merece as fáceis e as mais desejadas”, avisou.
Outra apoiante de Rio, a líder das Mulheres Sociais-Democratas Lina Lopes, também recebeu assobios da sala ao dizer, a propósito das autárquicas de 2017, que “não queria criticar Passos Coelho”, mas aponta responsabilidades à anterior direção pelo maus resultado.
Aos críticos internos, deixou um apelo inflamado: “Já chega, já chega, já chega”, mas no final nem o grito “PSD, PSD” teve eco na sala.
O ex-líder da concelhia Nuno Freitas teve a originalidade de trazer a letra do Fado da Sugestão de Zeca Afonso ao Congresso do PSD e dirigi-lo ao presidente Rui Rio: “Não digas não dize sim/Muito embora amor não sintas/O não envenena a gente/Dize sim, ainda que mintas”.
“Que todo o PSD diga que sim”, apelou.
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