Na sua primeira entrevista televisiva depois de sair da Casa Branca, em 18 de agosto, Bannon fez esta declaração contundente, classificou como “farsa” a alegação de ingerência russa nas eleições presidenciais de 2016 e atacou frontalmente o partido republicano.

Questionado se confirma que descreve a demissão do comei como o maior erro da história política, Bannon relativizou a afirmação.

“Isso provavelmente seria demasiado grandiloquente, inclusive para mim, mas talvez (da) história política moderna”.

A sua teoria é que, se Trump não tivesse demitido Comey em maio, não teria agora a pressão da investigação do procurador especial, Robert Mueller, com a investigação sobre a alegada pista russa.

“Acredito que não há qualquer dúvida de que se James Comey não tivesse sido despedido, não teríamos um procurador especial. Não teríamos a investigação de Mueller”, considerou Bannon.

O polémico ex-assessor opinou que Trump não deve demitir Mueller, acrescentando que nunca ouviu na Casa Branca qualquer alusão a tal eventual decisão.

Os rumores de que Trump estaria a ponderar tal decisão aumentam à medida que se intensifica a pressão da investigação sobre o círculo mais próximo de Trump.

Na sexta-feira passada soube-se que Muller avisou a Casa Branca de possíveis entrevistas dos seus investigadores a seis assessores e ex-assessores presidenciais, segundo o diário The Washington Post.

Em todo o caso, Bannon assegurou que “não há nada na investigação sobre a Rússia”, que “é uma perda de tempo” e “uma total e completa farsa”.

Depois da sua saída da Casa Branca – que garantiu que foi voluntária -, Bannon regressou à direção do Breitbart News, um meio digital que ele próprio descreveu como “uma plataforma da ‘alt-right’”, expressão em Inglês para a dita “direita alternativa”, a marca mais recente da ultra direita norte-americana.

A partir desta plataforma, prometeu defender Trump e, sobretudo, a agenda populista que o tornou presidente e da qual Bannon foi um dos principais artífices.

Durante a entrevista, não desaproveitou a ocasião para arremeter contra o aparelho do partido republicano, ao que acusou de procurar “invalidar as eleições de 2016”, porque “não quer que seja concretizada a agenda populista e nacionalista económica de Donald Trump”.

Referindo-se aos congressistas que se demarquem ou critiquem Trump, Bannon prometeu que “vão ter de prestar contas se não apoiarem o presidente dos EUA”.

Bannon lidera agora uma estratégia para apresentar rivais nas primárias para escolher senadores republicanos para as eleições de 2018, segundo fontes do diário Político.

A Casa Branca já reagiu às declarações de Bannon, com a porta-voz, Sarah Huckabee Sanders, a afirmar que a demissão de Comey “tinha sido certa”.