Em comunicado divulgado, a IdD – Plataforma das Indústrias de Defesa Nacionais dá conta de que Antunes Fernandes “renunciou hoje ao seu mandato, por motivos pessoais”.

“Dentro da atual equipa de gestão, o vogal José Luís Serra Rodrigues assume de imediato as funções de presidente, decisão a confirmar em assembleia geral, quando se proceder ao completar da equipa”, acrescenta a nota.

Esta informação foi comunicada às tutelas, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, assim como à respetiva comissão de trabalhadores.

A demissão de Antunes Fernandes não coloca em causa a “estratégia de reestruturação e revitalização da empresa”, nem o “compromisso com a Marinha Portuguesa”, prossegue o comunicado.

No início de dezembro de 2020, a comissão de trabalhadores do Arsenal do Alfeite mostrou-se receosa, durante uma audição no parlamento, em relação ao pagamento dos salários desse mês, por causa da situação financeira grave da empresa.

Uns dias mais tarde, o José Miguel Antunes Fernandes, disse, também no parlamento, que estava “esperançoso, mas não mais do que isso” quanto ao pagamento dos subsídios de Natal em atraso. Na altura os partidos insistiram na urgência de disponibilização de verbas por parte do Estado.

Na altura, o então gestor admitiu que “mais do que preocupado com o pagamento do subsídio de Natal”, tem as atenções voltadas para os pagamentos dos salários de “janeiro, fevereiro ou março”.

“Dadas as práticas vigentes a que nós assistimos na contratualização entre a Marinha e o Arsenal, não antevejo como minimamente possível a liquidação dos vencimentos, sem uma dotação financeira que aguardamos a todo o momento que ocorra”, acrescentou na altura Antunes Fernandes.

José Miguel Fernandes adiantou que tem sido feita alguma pressão junto “da estrutura acionista” e das tutelas relativamente aos subsídios de Natal, garantindo que “estão todos a tentar resolver” o problema.

Em novembro, a nova administração do Arsenal comunicou aos trabalhadores que a empresa vive uma situação “crítica” e que falta a verba para o subsídio de Natal, normalmente pago com o salário de novembro, garantindo que vai obter liquidez para o pagamento do subsídio até à data limite legal, dia 15 de dezembro.

No dia 20 de novembro, o ministro da Defesa Nacional remeteu para a administração dos estaleiros navais do Arsenal do Alfeite a resolução da falta de verbas para pagar os subsídios de Natal aos mais de 400 trabalhadores, apontando que a empresa tem um problema financeiro estrutural grave “há cerca de 10 anos”.

Os órgãos representativos dos trabalhadores já enviaram um ofício a Gomes Cravinho pedindo a “intervenção urgente da tutela para que, em articulação com a administração, seja encontrada uma solução célere e duradoura para o financiamento desta entidade no curto e médio prazo”.