Henrique Gouveia e Melo revelou esta quinta-feira que vai reintegrar o capelão Licínio Luís na Marinha, depois de o ter afastado pelas críticas do clérigo à posição tomada pelo almirante em relação aos fuzileiros envolvidos na morte de do agente da PSP Fábio Guerra.

Em nota, a Marinha refere que foi "anunciada a reintegração do capelão Licínio Luís, que será colocado na Base Naval de Lisboa, onde prosseguirá o desempenho de funções".

O anúncio foi feito esta quinta-feira de manhã, de acordo com o Diário de Notícias, pelo próprio Chefe do Estado-Maior da Armada durante uma missa campal em Pinheiro da Cruz, no âmbito de um exercício do aprontamento da unidade que vai integrar uma missão da NATO, com o Bispo das Forças Armadas, D. Rui Valério, e o Capelão-chefe da Marinha, Ilídio Costa.

O DN escreve que, no final da homilia, Gouveia e Melo vincou três mensagens: "Nós não relativizamos a vida humana", "o que fazemos é precisamente defender a vida" e "somos uma Força para o Bem".

Já esta quarta-feira, tinha sido noticiado que Gouveia e Melo estava a ponderar readmitir o capelão Licínio Luís, depois de este se ter mostrado “profundamente arrependido” e de ter pedido "desculpas pessoais em audiência" e de se ter retratado publicamente

Na terça-feira o capelão Licínio Luís fez uma publicação na rede social ‘Facebook’ crítica das palavras do almirante Gouveia e Melo, que na semana passada fez um discurso duro ao corpo de fuzileiros da Marinha.

“O senhor almirante que aguarde pela Justiça. Julgar sem saber não corre nada bem”, escreveu Licínio Luís na sua página pessoal do Facebook, de acordo com o jornal, numa publicação entretanto apagada.

Na publicação o capelão da Marinha defende que “os jovens estavam a divertir-se e foram provocados” e pergunta: “O senhor almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos?”.

No discurso que Gouveia e Melo deu ao corpo de fuzileiros da Marinha, no dia do funeral do agente da PSP Fábio Guerra, em que vincou que não quer “arruaceiros” na Marinha, nem militares “sem valores”, o almirante classificou os acontecimentos que resultaram na morte do agente da PSP Fábio Guerra como “um ataque selvático, desproporcional e despropositado”.

“Os acontecimentos do último sábado já mancharam as nossas fardas independentemente do que vier a ser apurado. O ataque selvático, desproporcional e despropositado não pode ter desculpas e justificações nos nossos valores, pois fere o nosso juramento de defender a nossa Pátria. O agente Fábio Guerra era a nossa Pátria, a PSP e as forças de segurança são a nossa Pátria e nela todos os nossos cidadãos”, vincou.

O agente Fábio Guerra, de 26 anos, morreu no passado dia 21 de março, no Hospital de São José, em Lisboa, devido às “graves lesões cerebrais” sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome.

Um dos suspeitos no envolvimento nas agressões, civil, foi libertado após ser interrogado pelo Ministério Público e os restantes dois detidos, fuzileiros da Armada, ficaram na passada quarta-feira em prisão preventiva.