O contingente de agentes federais em Portland enviado pelo presidente Donald Trump e que protagonizou durante semanas duros confrontos com manifestantes começa a retirar-se hoje, anunciou a governadora do estado de Oregon no Twitter.

"Após as minhas conversas com o vice-presidente (Mike) Pence e outros, o governo federal concordou em retirar as autoridades federais de Portland", escreveu a governadora.

"Atuaram como força de ocupação e trouxeram violência", afirmou, referindo-se aos embates com os manifestantes que foram para as ruas em protesto contra o racismo e contra a brutalidade policial há semanas, após a morte do afro-americano George Floyd.

"A partir de amanhã (quinta-feira), todos os oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras e da (Polícia de Imigração) ICE sairão do centro de Portland", garantiu.

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No entanto, o secretário interino de Segurança Nacional, Chad Wolf, indicou que a retirada vai ocorrer quando a polícia puder garantir a segurança dos prédios federais de Oregon.

Após semanas de protestos contra a polícia que deixaram um tribunal federal e vários edifícios públicos danificados, Donald Trump enviou agentes federais para Portland este mês de julho, muitos deles com equipamentos de combate.

Os críticos do presidente consideraram a intervenção federal como uma estratégia política de Trump, para se apresentar como um defensor da lei e da ordem perante os seus eleitores.

Mas, em vez de repor a ordem, os protestos em Portland intensificaram-se desde a chegada das forças federais, que vestiam uniformes paramilitares e não usavam distintivos de identificação visíveis, além de usarem veículos sem placa para prender manifestantes, conforme mostrado em vídeos nas redes sociais.

"A ocupação federal na nossa comunidade trouxe um novo tipo de medo nas nossas ruas", escreveu o mayor de Portland, Ted Wheeler.

"Os agentes federais quase mataram um manifestante e a sua presença levou a um aumento da violência e do vandalismo", acrescentou Ted Wheeler, que inclusive ficou preso no meio a uma manifestação reprimida com gás lacrimogéneo na semana passada.

Donald Trump: "Se não protegerem a sua cidade logo, não teremos outra opção se não entrar e limpá-la"

O secretário interino de Segurança Nacional disse num comunicado que chegou a acordo com a governadora Brown "para por fim às atividades violentas em Portland contra propriedades federais e agentes da ordem".

No Twitter, Chad Wolf escreveu que o estado de Oregon finalmente concordou em cooperar com as forças federais. "Estamos contentes que Oregon agora está a corrigir o seu erro de meses, oferecendo uma forte presença da polícia estatal", acrescentou o secretário.

Antes destas declarações, Donald Trump tinha já dito que as forças federais não deixariam Portland até que "a cidade esteja protegida".

"Dissemos ao governador, dissemos ao mayor: 'protejam a sua cidade'. Se não protegerem a sua cidade logo, não teremos outra opção se não entrar e limpá-la. Faremos isso com muita facilidade. Estamos preparados", disse Trump à imprensa.

"Estas três cidades estão a vivenciar um aumento preocupante de crimes violentos, particularmente homicídios", alegou em comunicado o procurador-geral dos EUA, Bill Barr.

A administração republicana já enviou reforços federais para Chicago e Albuquerque, onde as autoridades locais, também democratas, manifestaram reservas sobre esta iniciativa tomada no meio da campanha presidencial.

A nova medida estender-se-á a três grandes cidades industriais da região dos Grandes Lagos para onde serão enviados cem agentes nas próximas semanas, de acordo com o Departamento de Justiça, que relata um aumento de homicídios de 13% em Cleveland, 31% em Detroit e 85% em Milwaukee desde o início do ano.

No entanto, governadores e muitos legisladores dessas cidades expressaram já as suas relutâncias sobre as implantações efetuadas por Donald Trump.

"A recente conduta dos agentes federais em Portland, Oregon, causou sérias preocupações em Milwaukee e Wisconsin sobre o propósito e o alcance de uma operação federal de cumprimento da lei na nossa cidade e estado", escreveram na terça-feira com antecedência os legisladores democratas locais ao procurador-geral do distrito.

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