O continente africano, um dos principais parceiros económicos da China, “corre o risco agora de tornar-se uma colónia chinesa”, disse o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, na edição de hoje do jornal alemão Die Welt.
"A África arrisca a tornar-se hoje numa colónia chinesa, os chineses só querem as matérias-primas. A estabilidade não lhes interessa", afirmou Tajani.
As empresas chinesas estão a ter uma presença crescente em África nos últimos 20 anos, particularmente nos setores dos recursos naturais. Em 2015, o comércio entre o continente africano e a China foi estimado em cerca de 160 mil milhões de euros.
Questionado sobre a crise migratória e do fluxo de requerentes de asilo africanos que tentam chegar à Europa, incluindo da Líbia para a Itália, Tajani exortou a UE "a investir vários milhares de milhões (em África) e desenvolver uma estratégia a longo prazo”.
"A África está numa situação trágica (…), se não forem resolvidos os problemas centrais de África, dez, 20 ou mesmo 30 milhões de imigrantes irão chegar à Europa em dez anos", sublinhou o presidente do Parlamento Europeu.
Antonio Tajani disse que é a favor de estabelecer em África "campos de acolhimento sob proteção da ONU e das forças armadas europeias”, numa espécie de “cidades temporárias com hospitais e infraestrutura para as crianças, onde as pessoas pudessem viver temporariamente”.
Depois de fechar a rota migratória dos Balcãs em março de 2016, os europeus querem resolver o quebra-cabeça do Mediterrâneo central, mas enfrentam a relutância dos seus parceiros africanos e da falta de interlocutores na Líbia, de onde parte a maioria dos navios com migrantes.
De acordo com a organização não-governamental espanhola Pro-Activa Open Arms, cerca de 250 migrantes africanos terão morrido no naufrágio de dois botes insufláveis, na semana passada ao largo da costa da Líbia.
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