"O lamentável acidente que ontem ocorreu na Linha Azul do metro, decorre exclusivamente da responsabilidade de uma obra da Câmara Municipal de Lisboa. Quero deixar isto muito claro, o acidente que ontem ocorreu não decorre de nenhum problema na linha do metro, de nenhum troço específico daquela linha do metro, nem dos túneis do metro que, segundo o conhecimento de todos, estão seguros e sem nenhum risco", disse Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, esta quarta-feira aos jornalistas na sequência do desabamento após um problema nas obras da Praça de Espanha e que afetou o troço Marquês de Pombal - Laranjeiras, daquela linha, tendo, inclusive, feito quatro feridos ligeiros.

O autarca explicou ainda que o acidente decorreu de um "erro grosseiro" com "uma perfuração indevida relativamente ao túnel do metro".

A Câmara de Lisboa vai assim instaurar um inquérito, com Fernando Medina a revelar que pediu ao bastonário da Ordem dos Engenheiros que "designasse um especialista que pudesse liderar essa comissão para rapidamente concluir o sítio da responsabilidade, se ao nível da concessão do projeto, se ao nível da execução do projeto, se ao nível da fiscalização ou se até uma combinação destes fatores para sabermos o que é que correu mal".

"O que correu mal foi na obra à superfície, foi na obra da Câmara e não de qualquer problema estrutural com os túneis do metro na cidade de Lisboa", reforçou.

Em conferência de imprensa hoje de manhã na Praça de Espanha, Vítor Domingues dos Santos disse que está a aguardar aprovação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para que os trabalhos de reparação prossigam.

“Aguardamos a aprovação do LNEC. Os trabalhos já se iniciaram, toda a limpeza foi efetuada, o comboio retirado e o buraco que tínhamos ontem já está tapado por baixo com cofragem. Com um bocadinho de sorte esperamos reduzir os prazos de corte da Linha Azul entre as Laranjeiras e o Marquês de Pombal”, declarou.

Fernando Medina recordou ainda que deste a tarde de terça-feira, quando a circulação na linha Azul foi interrompida entre as Laranjeiras e o Marquês do Pombal, a Carris reforçou a oferta de autocarros para minorar os impactos da situação.

“O número de autocarros mobilizados é significativo”, disse, acrescentando que se for necessário será “ainda mais reforçado” até ao restabelecimento da circulação na linha Azul.

Segundo o presidente do Metropolitano de Lisboa, esse restabelecimento deverá ocorrer “o mais tardar até sexta-feira de manhã”.

Questionado sobre se este acidente irá provocar algum atraso na conclusão das obras na Praça de Espanha, previstas para o final do ano, Fernando Medina disse não ver razão para que haja alteração dos prazos, lembrando que no local onde o túnel do metro foi perfurado será construído um jardim.

As obras do novo Parque Urbano da Praça de Espanha começaram em 13 de janeiro e deverão estar concluídas este ano.

Na altura do lançamento da empreitada, Medina disse que a intervenção inclui "um número muito significativo de árvores", zonas de "clareiras de fruição", parques infantis, esplanadas e quiosques, retomando a água como "elemento central" do espaço.

A empreitada, lançada com um preço base superior a seis milhões de euros, inclui também uma transformação da rede viária atual em dois grandes cruzamentos.

*com agência Lusa