Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, convocou para esta sexta-feira uma reunião da Comissão promotora do desfile que celebra a revolução que colocou um fim à ditadura portuguesa, para “analisar a situação e exigir que todos assumam as responsabilidades pelos seus actos” no que toca à organização do evento deste ano.

Em causa está a polémica exclusão da Iniciativa Liberal e do Volt do desfile. Uma decisão a que ambos os partidos responderam revelando que vão estar no local, o Volt à revelia da organização e a IL, inclusive, organizando um desfile autónomo.

Aquando da reação dos dois partidos, a Associação 25 de Abril, uma das entidades que constitui a comissão promotora do desfile, respondeu afirmando-se surpreendida com as críticas, justificando que, devido à pandemia, a comissão promotora decidiu que o desfile que assinala a Revolução dos Cravos teria participação reduzida.

Quem faz parte da comissão promotora do desfile do 25 de Abril?

A comissão, que tem como responsabilidade organizar o tradicional desfile que celebra a Revolução dos Cravos, inclui toda a esquerda, fazendo dela parte o Partido Socialista, Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda, Partido Ecologista “Os Verdes”, o Livre e ainda o Movimento Alternativa Socialista.

As juventudes partidárias associadas a estas forças políticas fazem igualmente parte da lista: Juventude Socialista, a Juventude Comunista Portuguesa (JCP), os Jovens do Bloco e a Ecolojovem “Os Verdes”.

As centrais sindicais também fazem parte da comissão promotora, nomeadamente a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional, a União Geral dos Trabalhadores e respetivas entidades jovens como a Interjovem-CGTP e a Comissão da Juventude da UGT.

Têm lugar nesta comissão 13 associações, entre elas, a Associação 25 de Abril, a Associação Política de Renovação Comunista, a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados, Associação de Exilados Políticos Portugueses, a Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis ou até a Associação José Afonso.

Entre a lista contam-se ainda mais três confederações, cinco movimentos e entidades várias como o Conselho Nacional da Juventude, o Conselho Português para a Paz e Cooperação, a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, a Frente Anti-Racista e ainda o Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e Pela Paz no Médio-Oriente.

A Comissão Promotora das comemorações populares do 25 de Abril já alertou que apenas quem for convidado pode integrar o desfile no domingo e apelou a todos que cantem a "Grândola Vila Morena" à janela, como no ano passado.

Hoje, em declarações ao jornal Público, Vasco Lourenço, diz que alguns membros da comissão, que participaram na reunião e aceitaram a decisão, estão “a sacudir a água do capote” de uma decisão em que foi aprovada pela maioria, revelando ainda que o próprio considerou que se devia incluir a IL no desfile, mas que a maioria defendeu que não se devia abrir “excepções”.

Depois dos comentários dos últimos dias, Vasco Lourenço espera que a reunião de hoje permita alcançar uma solução que viabilize a realização do desfile, mas como o próprio disse “todas as hipóteses estão em aberto”, até o cancelamento do desfile, “em último caso”.

Em declarações à SIC, o capitão de Abril foi mais longe e admitiu que toda esta situação pode mesmo levar à saída da Associação 25 de Abril da Comissão Promotora das Comemorações (onde participam cerca de 40 organizações).

“Vamos ter de refletir muito na nossa continuação na comissão promotora. Está a fazer-se uma radicalização, há pouca abertura”, disse.

Como resposta a toda esta polémica, o partido Livre anunciou que cederia quatro dos seus 10 lugares à IL e ao Volt, oferta rejeitada pelos liberais. Ainda nas reações, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, defendeu que excluir estes dois partidos do desfile comemorativo do 25 de Abril de 1974 mostrou “falta de sensibilidade” e “inabilidade política”, rejeitando discursos divisionistas sobre a data.