O número de manifestantes foi avaliado em 200.000 pelos organizadores da marcha, e em 6.000 pelo município da capital espanhola, precisou a agência noticiosa France Presse (AFP).

Um dos motivos da iniciativa de rua reside na reforma do Código do trabalho adotada em 2012 pelo Governo conservador do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que contribuiu para o recuo do desemprego mas à custa de uma enorme precarização.

A manifestação “destina-se a demonstrar que a Espanha idílica que nos vendem não é a que nós conhecemos”, declarou um dos organizadores, Victor Jiménez, num vídeo divulgado antes da marcha, que teve a adesão de dezenas de sindicatos e organizações de esquerda. “Pão, trabalho, teto e dignidade” foram as frases da grande faixa que encabeçava o protesto.

Após sete anos de crise económica, a Espanha regressou ao crescimento em 2014. A taxa de desemprego, que no início de 2013 se situava nos 27%, recuou para 18,7% no primeiro trimestre de 2017, segundo os números oficiais.

“O emprego criado atualmente é um emprego precário, com condições de trabalho miseráveis e salários ínfimos”, denunciou Silvia Salamanca, uma das organizadoras. “O direito do trabalho foi reduzido ao direito a trabalhar nas condições impostas pelo patronato”, acrescentou, citada pela AFP.

A reforma de 2012, entre outras medidas, reduziu drasticamente as indemnizações por despedimento e autorizou os despedimentos coletivos sem motivo económico.

O salário mínimo em Espanha, que aumentou 8% no início de 2017, situa-se nos 825 euros mensais (pagos doze meses). Em Portugal o salário mínimo é de 557 euros.

No mesmo momento em que decorria o protesto de Madrid, e durante um comício do Partido Popular (PP, no poder) na ilha Maiorca, Mariano Rajoy reivindicava a “criação de 1,5 milhões de postos de trabalho nos últimos três anos”.

A primeira “marcha pela dignidade” decorreu em 22 de março de 2014 em Madrid.