O encenador Bruno Bravo, da comissão informal, que hoje se reuniu durante mais de duas horas com o primeiro-ministro, António Costa, na residência oficial, em Lisboa, disse, no termo do encontro, que lhes foram dadas garantias de que se “vai iniciar um trabalho concertado com os agentes artísticos e a tutela, com vista à revisão do modelo de apoio às artes”.
“Saímos da reunião com a garantia do primeiro-ministro, de que se vai iniciar um trabalho concertado com a tutela e agentes artísticos, a fim de se rever o modelo de apoio às artes”, disse o encenador que pertence à companhia Primeiros Sintomas.
Para tal, acrescentou Bruno Bravo, “é necessário que termine o período de audiências prévias [na sexta-feira], para depois se iniciar este diálogo”.
José Luís Ferreira, que esteve na reunião em representação de agentes artísticos do Porto, afirmou, por seu turno, que saíram “convictos, de que haverá, a partir de agora, um olhar diferente para as políticas culturais”.
“Não é só a revisão do modelo que está em causa, é toda uma política para a cultura”, reforçou José Luís Ferreira, antigo responsável artístico do Teatro São Luiz, em Lisboa.
Questionado sobre se vão suspender os protestos dos artistas, José Luís Ferreira disse que os elementos da comissão que se reuniram com o primeiro-ministro estavam em representação de estruturas de Lisboa e do Porto, e que pretendiam resolver problemas reais.
"Preocupa-nos o setor que representamos e também a qualidade de vida e de cidadania destes destinatários de que estamos a falar, por isso congratulamo-nos com a abertura do primeiro-ministro, com o facto de nos ter recebido, com a abertura e vontade de diálogo que nos manifestou, e estamos seguros de que, num processo realmente partilhado e dialogado, é possível chegarmos a conclusões positivas".
Sobre se em algum momento da reunião com António Costa os representantes dos artistas tinham mencionado a exigência de um por cento do Orçamento do Estado para a Cultura, José Luís Ferreira referiu que foi efetivamente abordada a necessidade de um reforço, não apenas das verbas, mas também da "lógica da formulação das políticas culturais".
"E foi manifestada disponibilidae para um crescimento sustentado do orçamento do Ministério da Cultura, nos próximos anos", acrescentou.
Essa percentagem "é um objetivo que está em cima da mesa" e, enquanto "meta referencial que está no horizonte, há que encontrar meios para que se consiga atingi-la", concluiu.
Além de Bruno Bravo e de José Luís Ferreira, estiveram na reunião Carlos Avilez, diretor do Teatro Experimental de Cascais, Miguel Jesus da companhia O Bando, Levi Martins, da companhia Marcarenhas Martins, e a artista Inês Pereira.
Os artistas foram recebidos pelo primeiro-ministro, António Costa, na sequência dos protestos decorrentes da divulgação dos resultados provisórios do Programa de Apoio Sustentado da Direção Geral das Artes (DGArtes), para o quadriénio 2018-2021.
Os concursos deste programa partiram com um montante global disponível de 64,5 milhões de euros, em outubro, subiram aos 72,5 milhões, no início da semana passada, perante a contestação no setor, e, na quinta-feira, o Governo anunciou novo reforço para um total de 81,5 milhões de euros.
Este reforço garante verbas para o apoio, para já, de 183 candidaturas, contra as 140 iniciais, incluindo estruturas culturais elegíveis que tinham sido deixadas de fora, por falta de verba, segundo os resultados provisórios conhecidos desde há duas semanas.
O Programa de Apoio Sustentado às Artes 2018-2021 envolve seis áreas artísticas - circo contemporâneo e artes de rua, dança, artes visuais, cruzamentos disciplinares, música e teatro – tendo sido admitidas a concurso, este ano, 242 das 250 candidaturas apresentadas.
De acordo com o calendário da DGArtes, os resultados definitivos deverão ser conhecidos até meados de maio, nas diferentes disciplinas. Para já, são apenas conhecidos os resultados definitivos nas áreas da dança e do circo contemporâneo e artes de rua.
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