No ponto de situação feito esta segunda-feira, o secretários de Estado Saúde informou que a partir de amanhã serão feitos dois balanços diários, um da parte da manhã pela DGS, através de boletim, e outro ao final da tarde, pelas 18h30, através de conferência de imprensa, na sede da Direção Geral de Saúde ou no ministério.
Neste momento existem 39 casos confirmados, mais 9 que no último boletim divulgado. Por confirmar estão 339 casos suspeitos que aguardam resultados laboratoriais. Uma doente inspira cuidados e está em vigilância clínica.
O Norte do país, é neste momento, a região do país mais afectada. Todas as escolas de Lousada e Felgueiras estão encerradas. Foram ainda fechadas duas escolas na Amadora (Escola Básica Roque Gameiro e a Escola Secundária da Amadora). Já em Portimão há também duas unidades de ensino encerradas (Escola José Buisel e a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes). Em alguns casos foi foram apenas suspensas turmas noutros procedeu-se ao encerramento total dos estabelecimentos de ensino.
As medidas de contenção são definidas consoante o evoluir da situação pela DGS.
As autoridades estão a fazer uma monitorização da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, tendo sido ativados hospitais de segunda linha para atender às necessidades colocadas por este surto.
Segundo o governante, existem 11 hospitais de referência para a epidemia de Covid-19. Sendo eles o Hospital de São João (Porto), Hospital de S. António (Porto), Hospital Pedro Hispano (Matasinhos), Hospital de Braga, Hospital da Guarda, Hospital Pediátrico de Coimbra, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Hospital Curry Cabral (Cabral), Hospital de Dona Estafânea (Lisboa), Hospital de Santa Maria (Lisboa) e Hospital de Faro.
Questionada sobre onde se encontram as 300 camas de pressão negativa para tratar doentes mais graves, Graça Freitas, Diretora Geral de Saúde, disse apenas que estas se encontram espalhadas por todo o país com especial concentração nos hospitais de referência. Mais acrescentou a responsável que até ao momento nenhum dos casos de doentes infectados careceu de cuidados intensivos.
Graça Freitas acrescentou ainda que o Hospital de Faro está apto a receber doentes e o laboratório da mesma unidade de saúde está habilitado a fazer testes ao Covid-19.
Sete dos novos casos foram registados no norte do país, enquanto que os outros dois dos 9 novo casos confirmados foram diagnosticados na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Relativamente ao Plano Nacional de Contingência, hoje publicado no site da DGS, a Diretora Geral de Saúde referiu que no mesmo plano consta a possibilidade de adiamento de cirurgias não urgentes para "libertar camas, médicos e enfermeiros". Contudo, tal poderá acontecer numa "fase de epidemia completamente diferente da que estamos hoje", acrescentando ainda que "muitos dos doentes podem ficar em domicílio" e "não carecem de cuidados hospitalares".
"O Plano tem tudo o que temos dito nestas conversas", ainda que de forma mais "extensa" e "explícita", disse Graça Freitas. A doença evoluiu por fases, e para cada fase devemos adaptar os recursos em termos de "vigilância epidemológica", medidas de saúde pública, medidas de gestão de doentes, em ambulatório ou em internamento, e medidas que estão relacionadas com a gestão de "reservas de medicamentos". No fundo, o plano indica as medidas a tomar para cada fase da epidemia, acrescentou a DGS. Referindo que os recursos hospitalares e laboratoriais disponíveis vão sendo aumentados na medida de propagação da doença, Graça Freitas referiu como ponto positivo o facto de quase todos os hospitais capacitados para receber doentes terem também capacidade para realizar testes ao Covid-19, "o que facilita imenso a vida" aos profissionais de saúde.
Lembrando que as epidemias evoluem habitualmente por curvas, a Diretora afirmou que o que o Plano contempla são as medidas previstas para cada uma das fases dessa curva.
Quando questionada sobre a possibilidade do fecho de fronteiras, Graça Freitas referiu que, neste campo, Portugal está alinhado com a União Europeia no que diz respeito a este tema, pelo que, nesta fase, não é algo em cima da mesa. "Vamos esperar pela União Europeia e pelas indicações que são dadas", acrescentou.
A responsável disse, durante esta conferência de imprensa, que todas as pessoas que têm uma doença respiratória grave cuja causa não é conhecida serão testadas para infecção pelo no coronavírus. Esta é uma alteração recente na abordagem das autoridades de saúde relativamente à população que deve ou não ser testada.
Relativamente às quarentenas voluntárias, a Diretora Geral de Saúde informou que, até ao momento, ninguém recusou ficar em isolamento profilático, ressalvado porém que há medidas legais que podem ser tomadas proporcionalmente e pontualmente consoante a situação assim o exigir.
Apesar do surto a Norte do país, Graça Freitas diz que a situação "está relativamente controlada", não descartando ainda assim a possibilidade de amanhã, ou nos próximos dias, a mesma se alterar e estarmos perante um cenário semelhante ao de Itália: "Isso tem de estar em cima da mesa". No entanto, "até ao momento estamos tranquilos". Questionada sobre os casos em vigilância que aguardam confirmação laboratorial, Graça Freiras informou que, neste momento, há 67 pessoas à espera de saber os resultados dos testes realizados.
Contudo, a responsável máxima da DGS lembrou que os casos suspeitos foram todos testados, alguns até mais do que uma vez, pelo que o número de testes é superior ao número de doentes suspeitos.
Antes de terminar esta conferência de imprensa, a Diretora Geral de Saúde foi ainda questionada sobre os concursos para aquisição de material de proteção, nomeadamente se isto aconteceu demasiado tarde face às exigências do país. Nesta matéria, Graça Freitas confirmou a abertura dos concursos, mas esclareceu que nem todo o material requisitado foi adquirido por incapacidade dos fornecedores. "As compras [de material] são dinâmicas", sendo que numa primeira fase a escassez de fornecimento se deveu às necessidades internacionais, como por exemplo o surto na China.
O Secretário de Estado da Saúde acrescentou que há outros mecanismos a serem utilizados para garantir o stock de material, nomeadamente a partilha de recursos entre as várias instituições e, se necessário, a utilização da reserva estratégica. A par poderá haver aquisição de material através do concurso público da União Europeia.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou cerca de quatro mil mortos entre mais de 113 mil pessoas infetadas numa centena de países e territórios. Das pessoas infetadas, cerca de 60 mil já recuperaram.
Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
A Direção-Geral da Saúde lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.
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