“Dentro de muitos poucos dias, semanas no máximo, a DGS submeterá à tutela informação sobre as várias opções de vacinação e as respetivas estratégias, de acordo com a melhor evidência científica disponível”, afirmou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, na Comissão Parlamentar da Saúde, onde foi ouvida a pedido do PSD.
Graça Freitas adiantou que a comissão técnica de vacinação já entregou o relatório sobre a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) para os rapazes e “dentro de dias” vai entregar os relatórios finais sobre as vacinas contra a meningite B e rotavírus.
Na audição, Graça Freitas lembrou que “quando se vacinam grandes grupos de pessoas”, está-se “a mudar a dinâmica das doenças”.
“Se todas estas vacinas fossem boas nós não teríamos dúvida nenhuma em lutar e vir pedir aqui a esta Assembleia que lutasse connosco”, só que há vacinas que apresentam limitações, sublinhou.
Segundo Graça Freitas, a vacina contra a meningite B, que já é administrada a grupos de risco, ainda apresenta limitações e a primeira advém do conteúdo da vacina.
“A concordância estimada da vacina com as estirpes circulantes em Portugal é de 67.9, o que não é uma boa concordância”, disse Graça Freitas, sublinhando que, “até à data, não há nada que evidencie que esta vacina influencie o estado do portador”.
Também não mostrou imunidade de grupo ou proteção individual, disse, ressalvando, no entanto, que a decisão da sua inclusão no PNV “será política”.
O mesmo se aplica à vacina contra o rotavírus, uma vez que a carga da doença em Portugal e nos países desenvolvidos não é relevante.
Em relação à vacina contra o HPV, Graça Freitas afirmou que “não se pode ter expectativas que a vacina pode fazer milagres nos rapazes”.
“Faz milagres para o cancro do colo do útero nas raparigas. Isto tem que ser dito, independentemente das decisões que forem tomadas”, sustentou.
Estima-se que em Portugal o número de cancros atribuíveis a HPV em homens, seja na ordem dos 160 a 180 casos por ano, enquanto quase todos os cancros do colo do útero são imputáveis ao vírus do papiloma humano
“Portanto, as contas têm que ser feitas”, rematou.
Ressalvando que são “estimativas grosseiras” com base no seu conhecimento, Graça Freitas estimou que o custo da inclusão das três vacinas no Programa Nacional de vacinação represente quase metade do que custa todo o PNV.
“Costumo dizer são contas de merceeiro da diretora-geral da Saúde, mas que costuma acertar mais ou menos” e estas contas indicam que “a entrada das três vacinas no mesmo ano em regime universal poderia ter um custo direto na ordem 15 milhões de euros por ano”.
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