Desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o relatório de monitorização das linhas vermelhas para a covid-19 — que passará a ser publicado semanalmente às sextas-feiras — inclui a análise a diversos indicadores, nomeadamente a incidência a 14 dias e o índice de transmissibilidade (Rt), nacionais e por região de saúde.
O relatório publicado esta tarde regista uma tendência de descida de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 habitantes habitantes em quase todo o país, à exceção da região do Algarve, onde estes têm vindo a subir.
Neste momento, a região mais a sul de Portugal continental conta com uma incidência cumulativa a 14 dias de 112 casos por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional, que foi de 65,9 casos. Estes dados referem-se a um período compreendido entre 18 e 31 de março.
Além disso, o Algarve é também a única região que, neste momento, está para lá do limiar de risco no que toca ao índice de transmissibilidade, o Rt. Enquanto que a média nacional do Rt é de 0,97, o Algarve situa-se nos 1,19 — a região Centro, por outro lado, é a mais baixa, com 0,88 — mas a tendência em todo o país tem sido de subida desde 10 de fevereiro.
Recorde-se que, desde que o país se mantenha abaixo dos 120 casos por 100 mil habitantes e com o rt abaixo de 1 (no verde) o plano de desconfinamento pode seguir como previsto. Foi por estarmos abaixo destas linhas vermelhas que o Governo permitiu que se avance para a segunda fase de desconfinamento, a ter começo esta segunda-feira, 5 de abril.
Parte da subida no Algarve pode ser explicada com a prevalência da variante britânica, mais infecciosa, na região. Segundo os cálculos da DGS e do INSA, 95% dos casos identificados entre 15 e 28 de março no Algarve foram com esta variante, a B.1.1.7. De resto, 70,6% dos novos casos no país devem-se a esta variante.
Quanto às outras variantes sob vigilância, a sul-africana e a brasileira, a primeira foi detetada em 50 casos positivos e "não foi possível estabelecer o contexto de transmissão de alguns casos o que sugere a possibilidade de transmissão comunitária, ainda que de muito baixa expressão", apontam as autoridades de saúde. Já a brasileira, surgiu em 22 casos e tanto DGS como INSA descartam que esteja a ser transmitida na comunidade.
No período em causa analisado, de 18 a 31 de março, o grupo etário que apresentou maior incidência cumulativa correspondeu ao grupo dos 20 aos 29 anos, com uma média de 93 casos por 100 000 habitantes. Já o grupo com mais de 80 anos apresentou apenas uma média de 51 casos de infeção, o "que reflete um risco de infeção inferior ao risco para a população em geral", indica o relatório.
O documento analisa ainda a progressão dos internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) por infeção com Covid-19, revelando que a 31 de março o número de casos internados em UCI foi de 129, valor inferior ao valor crítico definido, de 245 camas ocupadas.
Segundo o documento, o maior número de casos de covid-19 internados em UCI correspondeu ao grupo etário dos 70 aos 79 anos.
A proporção de testes positivos para SARS-CoV-2, entre 25 a 31 de março, foi de 2%, “valor que se encontra abaixo do limiar dos 4%, e o total de testes realizados nos últimos sete dias foi de 152.695.
A DGS e o INSA indicam também que “a proporção de casos confirmados notificados com atraso mantém uma tendência decrescente”.
Nos últimos sete dias, todos os casos foram isolados em menos de 24 horas após a notificação e foram rastreados e isolados 91,5% dos seus contactos.
“A análise global dos diversos indicadores sugere uma situação epidemiológica controlada, ou seja, transmissão comunitária de moderada intensidade e de reduzida pressão nos serviços de saúde nas próximas semanas. Deve, no entanto, atentar-se ao aumento da transmissibilidade numa das regiões do continente”, salientam a DGS e o INSA, concluindo que “o atual período pascal e o início do desconfinamento são fatores que podem interferir nesta situação, com reflexos que demorarão algumas semanas a ser visíveis”.
As duas entidades referem que a monitorização dos indicadores divulgados no relatório “é fundamental para o acompanhamento da evolução” da epidemia em Portugal e para dotar “as autoridades de saúde e o público de informação que permita implementar medidas que contribuam para o seu controlo”.
Desde março de 2020 que 823.142 pessoas foram contagiadas com o novo coronavírus e 16.875 morreram com covid-19, segundo os dados mais recentes da DGS.
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