Juntamente com outras 14 tartarugas da mesma espécie (Chelonoidis hoodensis) — as únicas encontradas há meio século — Diego foi transferido para a Ilha de Espanhola, o seu local de origem e sem ocupação humana, por técnicos do Parque Nacional Galápagos (PNG).
"Fechámos um capítulo importante na gestão do Parque Galápagos", escreveu no Twitter Paulo Proaño, ministro do Meio Ambiente do Equador, dando conta da devolução à natureza das 15 tartarugas. "A sua ilha recebe-as de braços abertos".
Uma fonte do PNG informou à AFP que as tartarugas foram transportadas para a Ilha de Espanhola (no sul), num bote da ilha de Santa Cruz, cuja capital, Puerto Ayora, abriga a sede do organismo onde Diego ficou em cativeiro durante quatro décadas.
Com carapaça em forma de sela, pesando 80 kg e medindo 1,5 metros, com idade estimada em mais de 100 anos, Diego é pai de pelo menos 40% dos 1.800 filhotes levados para a ilha.
O PNG anunciou em janeiro que ele seria devolvido a esta ilha após concluir o programa de reprodução em cativeiro da sua espécie, cuja população já pode ser dada como recuperada.
A devolução estava prevista para março, mas atrasou devido à pandemia do novo coronavírus, que transformou o Equador num dos países mais castigados da América Latina, atualmente com mais de 47.000 casos e 3.929 mortos. Nas Galápagos, a 1.000 km da costa do Equador, foram reportados 77 contágios e uma vítima fatal.
De San Diego até à Espanhola
Confinado, Diego chegou a ser o único macho no seu espaço de 180 m2, que partilhou com seis fêmeas da mesma espécie — cinco delas faziam parte das únicas doze fêmeas originalmente retiradas da Ilha de Espanhola pela organização, desde que a província de Galápagos foi declarada reserva natural em 1959.
Nesta ilha também foram encontrados apenas dois machos, razão pela qual foi preciso introduzir outro reprodutor para restabelecer a espécie.
Por isso, o PNG procurou nos jardins zoológicos do mundo os que, na década de 1930, antes de as Galápagos se tornarem uma área protegida, tinham tartarugas da espécie.
A tartaruga da espécie Chelonoidis hoodensis recebeu o nome do zoológico de San Diego, nos Estados Unidos, aonde chegou entre 1933 e 1936, e do qual foi repatriado em agosto de 1976 para mostrar "as suas habilidades reprodutivas", segundo o PNG.
Atualmente, há na ilha 2.000 exemplares desta espécie, inclusive 200 filhotes que nasceram em estado natural.
Diego é a antítese de George, o último exemplar da espécie Chelonoidis abigdoni, que morreu em 2012 após se negar a acasalar em cativeiro.
O arquipélago equatoriano, com flora e fauna únicas no mundo, serviu de laboratório natural para o cientista inglês Charles Darwin para a sua teoria sobre a evolução das espécies.
Galápagos, cujo nome provém das gigantescas tartarugas que vivem ali, faz parte da reserva mundial da biosfera.
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