Na análise da Federação Europeia dos Transportes de Ambiente, que junta vários organismos ambientalistas, França e Itália são os países em que circulam mais carros a gasóleo, mais de oito milhões em cada um, enquanto em Portugal há 713 mil carros altamente poluentes nas estradas.

Nas conclusões do estudo, alerta-se que muitos dos 43 milhões de veículos (mais cinco milhões que no ano passado e mais 12 milhões que em 2015) acabarão por ser exportados para a Europa de Leste e para África, continuando a poluir o ar de cidades por todo o mundo durante décadas.

Mesmo os carros que passaram nos testes de emissões da União Europeia revisto após o escândalo que ficou conhecido como "Dieselgate" emitem óxidos de azoto nove vezes acima do limite legal quando são conduzidos em condições reais.

A associação portuguesa ZERO, que pertence à federação, defende que os carros a gasóleo devem ser restringidos no centro de Lisboa, uma de várias "medidas mais exigentes" necessárias para melhorar a qualidade do ar urbano.

Para ilustrar, a ZERO afirma que as leituras de dióxido de azoto na Avenida da Liberdade, em Lisboa, "apontam para a ultrapassagem do valor limite em 2018.

"É inadmissível que, três anos após o Dieselgate, a União Europeia não tenha tomado as medidas necessárias para tornar mais eficientes milhões de veículos poluentes que continuam a circular nas estradas europeias", considera a ZERO, que defende que "a indústria automóvel não pode continuar a encontrar novas formas de manipulação dos testes" e deve aceitar a passagem de veículos de combustão para elétricos.

A classe de veículos mais recente, a EURO 6, foi desenhada pela indústria para passar nos testes mas emite "muito acima do limite legal" quando é conduzida em estradas com relevo ou quando anda mais depressa.

"Apesar das medidas introduzidas para a redução do tráfego automóvel no centro de Lisboa terem tido alguns benefícios em termos de melhoria da qualidade do ar, é preciso que as autoridades estabeleçam medidas mais exigentes, nomeadamente a restrição de veículos mais poluentes a gasóleo no centro da cidade", defende a ZERO.

Há "falhas sérias no recém-lançado teste RDE e na sua capacidade de garantir baixas emissões dos veículos em condições reais", lê-se no relatório.

"Contrariamente aos argumentos da indústria automóvel, os resultados mostram que até mesmo os veículos mais recentes introduzidos no mercado emitem mais poluição na estrada do que quando testados em condições de laboratório", assinala ainda a ZERO.