Num comunicado que surge um dia depois da carta aberta do presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), José Morais Arnaud, ao ministro da Cultura sobre este tema, a DGPC salientou que, “até à transferência definitiva para os armazéns de Xabregas, durante o primeiro semestre de 2018, a arqueologia náutica e subaquática da DGPC ficará instalada no mesmo local onde sempre esteve desde 2010”, ou seja, num armazém do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), em Loures.

O comunicado de 15 pontos recorda que o espólio se encontra naquele local desde 2010 e que, “desde junho, os serviços da DGPC já elaboraram o projeto de arquitetura e especialidades para instalação dos serviços de arqueologia náutica e subaquática nos armazéns de Xabregas”, tendo sido aberto o “procedimento para a adjudicação da empreitada, que irá decorrer durante o 1.º semestre do ano de 2018”.

O final do primeiro semestre do próximo ano foi precisamente a data apontada pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, na terça-feira, para a resolução da “situação provisória” do património náutico e subaquático.

Na quarta-feira, o presidente da AAP, em carta enviada ao ministro da Cultura, afirmou que o acervo da arqueologia subaquática, depositado num armazém em Loures, “está em risco de destruição”.

O arqueólogo atestou que, “tendo tido oportunidade de observar pessoalmente a situação em que se encontra o acervo da arqueologia subaquática” nas instalações do MARL, “antes do recente impedimento de acesso ao local”, pode “garantir” que o acervo, “em tratamento laboratorial, está em risco de destruição, não necessariamente imediata, mas a curto e médio prazo".

Um dia antes, o ministro disse que o património em causa "não corre o risco de ser destruído”, mas admitiu que “não está convenientemente recolhido".

"Foi uma solução provisória, a do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa e, entretanto, temos já a decisão tomada de transferir todo o espólio do CNANS para o Forte de Xabregas, e também o financiamento assegurado para fazer as necessárias obras para recolher a coleção", indicou.

Sobre os riscos que este património corre, segundo os arqueólogos, acrescentou: "Estamos atentos e vamos ver qual é a situação, mas as informações que me chegaram foi que não houve estragos no património arqueológico que lá está".

A DGPC, que se coloca ao dispor para dialogar com a AAP, destacou que “o espaço ocupado pela arqueologia náutica e subaquática (antigo CNANS) corresponde a cerca de 50% da área total do armazém do MARL, estando os restantes 50% ocupados pelo arquivo morto (arquivos da DGPC e organismos que lhe antecederam) e depósito das lojas da DGPC”.

“Para melhorar a mobilidade e a logística da mudança, o MARL abriu um novo vão entre o exterior e o cais do armazém, para colocação de um portão. Este trabalho não afetou o espólio arqueológico, porque não existe interligação direta entre o cais, a nave e restantes espaços onde se encontra o espólio arqueológico. Os meios humanos e materiais para a execução deste trabalho não envolveram maquinaria pesada. Esta foi a única obra realizada até ao momento neste espaço”, sublinhou o comunicado.

A DGPC referiu ainda que “a intervenção de beneficiação da instalação elétrica e de segurança contra incêndios será realizada após a montagem dos andaimes e estará concluída, segundo o MARL, até final de novembro de 2017”, tendo exigido “que todos os trabalhos fossem executados de acordo com a legislação em vigor e garantida a segurança de pessoas e bens”.