“Hoje [quarta-feira] é o último dia em que dirijo o serviço, a partir de quinta-feira deixo de ser diretor”, afirmou Joaquim Pinheiro.

Contudo, apesar de cessar funções de chefia, o médico garantiu que vai continuar a exercer no hospital, podendo os doentes estar “tranquilos”.

“Os doentes podem estar tranquilos, eu e os meus colegas vamos fazer os possíveis e impossíveis para mantermos o trabalho assistencial. O serviço não fecha, vamos manter-nos lá”, frisou.

Joaquim Pinheiro explicou que na origem da sua demissão está uma “trilogia dramática” que compreende falta de médicos e técnicos, instalações degradadas e equipamentos obsoletos.

“Não tenho condições mínimas para dirigir o serviço, faltam-me recursos humanos, quer médicos, quer técnicos, os meus equipamentos estão obsoletos e antigos e as instalações estão degradadas, não cumprindo o mínimo de dignidade. Por estas três coisas não tenho coragem para continuar a dirigir o serviço e responder às reclamações das pessoas”, vincou.

O médico contou, a título de exemplo, que tem desde 2009 o mesmo número de médicos na equipa, apesar de assumir mais responsabilidades assistenciais, tem baratas na sala de reuniões e infiltrações nas paredes, tornando-se “absolutamente insustentável”.

Questionado sobre o porquê de não aguardar por uma resolução dos problemas, tal como esperam os restantes demissionários, Joaquim Pinheiro explicou que “ultrapassou os seus limites”.

Acrescentando ser “mais impaciente e menos resiliente”, frisou que a sua decisão não está relacionada com incompatibilidades com os restantes colegas.

Joaquim Pinheiro ressalvou que já deu nota das suas queixas ao conselho de administração que classifica como “muito empenhado” em resolver os problemas, mas sem os recursos necessários.

Em declarações à Lusa, o diretor clínico, José Pedro Moreira da Silva, confirmou o pedido de demissão, dando nota de que o mesmo foi aceite pelo conselho de administração.

Além disso, revelou que o diretor de neurologia pediu redução de horário para 20 horas semanais.

A 5 de setembro foi anunciada a demissão do diretor clínico e 51 diretores e chefes de serviço nas instalações do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, no Porto.

Os 52 profissionais redigiram uma carta de demissão em julho, altura em que ponderaram demitir-se, mas só no início de setembro entregaram o documento.

Em conferência de imprensa, no Porto, ao lado do bastonário da ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, José Pedro Moreira da Silva apontou então como causas para a demissão coletiva as “condições indignas de assistência no trabalho e falta de soluções da tutela”.

Posteriormente, a 9 de outubro, o diretor clínico reiterou manter a sua intenção de demissão caso o Orçamento do Estado de 2019 não contemplasse as “necessárias obras” desta unidade de saúde.

Contudo, a 18 de outubro, o diretor clínico afirmou, em reunião do conselho de administração, que nunca esteve demissionário.

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