"Está-se a caminhar para isso, como é sabido a lista não está fechada e daí o meu alerta para não se cometer o erro que já se está a ser cometido. Estamos a tempo de corrigir", defendeu em declarações à Lusa.

Segundo o social-democrata, o "descontentamento" está já a ser sentido em algumas concelhias que "sentem que a questão é aritmética e que, portanto, não vale a pena escolher os melhores".

"É mais ou menos público, (…) a [Direção] Nacional terá quatro ou cinco lugares, membros da distrital também são à volta de quatro ou cinco, somando a isto um representante da JSD e outro dos TSD e estamos em 10/11 pessoas. Se formos a fazer contas, o Método de Hondt aplicado às europeias dava 11 deputados do Porto para o PSD, ou seja, está resolvido", sublinhou.

José Manuel Soares lembrou que este alerta tinha já sido deixado na Assembleia Distrital do PSD do Porto onde se aprovou um documento estratégico que define critérios a ter em conta na escolha dos nomes, contudo, "não houve qualquer disponibilidade" para o acolher.

"São tudo palavras vãs", concluiu.

O dirigente, que admite ter ponderado "ser candidato a candidato", recusa, para já, acreditar que estas indicações vêm do presidente do partido, Rui Rio, mas salienta que "a Direção Nacional, não é um homem só, é um projeto coletivo".

"Eu acho que está a fazer um refrescamento ao contrário, quase uma limpeza" disse, sublinhando que todos os dias há declarações de deputados a anunciar que não o serão mais, numa espécie de "antecipação ao inevitável: antes de serem varridos autoexcluem-se".

Se nada for feito, o vice-presidente da Mesa da Assembleia distrital do PSD Porto, admite que o PSD possa ter um mau resultado nas legislativas no distrito.

"Temo que, por causa disso, haja um descontentamento tão grande em algumas concelhias que a mobilização dos nossos militantes para a campanha eleitoral seja difícil (...) e que as pessoas ao olharem para esses militantes, que não estão mobilizados fruto desta situação, comecem a questionar se vale a pena", argumentou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Distrital do PSD Porto, Alberto Machado, assegurou que, até ao momento, a Comissão Política ainda não foi informada de qualquer situação que esteja a acontecer em alguma concelhia.

"Nós não vamos desviar-nos um milímetro da metodologia que está traçada. Nós já temos, neste momento 10 ou 11 concelhias que definiram os seus candidatos, ainda hoje haverá uma reunião e continuarão nos próximos dias até chegar às 18. A Comissão Política Distrital tem em sua posse quatro ou cinco atas, ainda não chegaram todas. O limite é dia 24, até dia 24 a distrital não vai fazer absolutamente nada, porque nós nem sabemos quem são as pessoas que cada concelhia vai indicar", disse.

"A única coisa que nós fizemos foi criar alguns critérios adicionais àqueles que a comissão política nacional definiu", acrescentou, sublinhando que compete às concelhias colocar este documento em prática.

Segundo Alberto Machado, à Comissão Política Distrital cabe "apenas e só" a colocação de todos os nomes por ordem alfabética para enviar para a Comissão Política Nacional.

Em resposta à Lusa, também o secretário-geral do partido, José Silvano, sublinhou que "o processo é claro, transparente e obedece às normas estatutárias", sendo as concelhias "livres" de indicar as suas escolhas às Comissões políticas distritais até 27 junho.

O dirigente explica que até 01 de julho as comissões políticas distritais indicam à Comissão Política Nacional (CPN), os candidatos aprovados, seguindo-se, até 17 de julho, as reuniões das comissões políticas distritais com a CPN e até final de julho, a CPN e o Conselho Nacional aprovarão as listas.

"Como decorre deste calendário, não há qualquer interferência do presidente do partido nem da comissão política nacional até 07 de julho", salienta o secretário-geral, que acrescenta que "quanto aos critérios da indicação dos nomes, estes foram aprovados na CPN e nas Assembleias distritais e são do conhecimento público".

(Artigo atualizado às 21:03)