O objetivo é que o novo líder conservador, e automaticamente primeiro-ministro, esteja no cargo no início de setembro para começar a negociar o mais rápido possível a saída da União Europeia, saída que os britânicos aprovaram no referendo de 23 de junho.
Entre quarta e quinta-feira, os deputados conservadores que quiserem assumir o cargo podem apresentar a candidatura. No caso de haver apenas um candidato, este será automaticamente nomeado. Mas se outros se apresentarem, os 330 deputados conservadores vão escolher dois candidatos e submetê-los aos voto da militância.
A ministra do Interior, Theresa May, é a mais bem posicionada para enfrentar Boris Johnson, como parte de uma operação batizada pela imprensa como "Qualquer um, menos Boris".
Uma parte do Partido Conservador não perdoa Johnson por não ter alinhado com David Cameron e por ter liderado a campanha do Brexit que, até à sua chegada, carecia de uma figura de peso.
Nem Theresa May nem Boris Johnson anunciaram a intenção de disputar o cargo, mas as candidaturas são encaradas como certas. Apenas o ministro do Emprego, Stephen Crabb, comunicou oficialmente que vai apresentar uma candidatura.
No seu último artigo no Daily Telegraph, o ex-"mayor" de Londres afirmou que esperava "responder às expectativas dos 17 milhões de britânicos que votaram a favor da saída do Reino Unido da UE".
O pai de Boris Johnson, Stanley, que foi eurodeputado conservador e defendeu a permanência na UE, disse que "Boris é o mais bem colocado para alcançar um novo acordo com a União Europeia, um acordo que reflita a visão otimista e aberta ao mundo deste país". "Embora tenhamos feito campanha em grupos opostos durante o referendo, Boris tem o meu pleno apoio", afirmou.
Revolta no Partido Trabalhista
Esta quarta-feira, o Parlamento reúne-se na sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro, com o destino de Cameron já definido e o do líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, pendurado por um fio.
Corbyn perdeu na terça-feira uma moção de confiança dos deputados do seu partido por 172 votos contra 40, mas reiterou que não pensa renunciar ao cargo e que confia nos militantes, que deram um apoio esmagador ao atual líder trabalhista nas eleições do partido, em setembro de 2015.
"Fui eleito democraticamente líder de nosso partido para realizar uma nova política com o apoio de 60% dos afiliados e simpatizantes, e não os vou trair renunciando ao cargo", disse Corbyn.
Neste momento crucial, Jeremy Corbyn parece ter o apoio dos líderes sindicais. O líder trabalhista é criticado por ser incapaz de seduzir o eleitorado, depois de 37% dos trabalhistas de todo o país votaram contra a linha oficial do partido e optarem pela saída do Reino Unido da União Europeia, alinhando-se com a ala mais direitista do Partido Conservador e com o partido anti-imigrantes UKIP.
Corbyn perdeu, assim, a sua primeira grande disputa desde que foi eleito, em setembro de 2015. E já foi abandonado por mais da metade dos seus "ministros à sombra", como são conhecidos os porta-vozes das diferentes áreas da oposição.
Comentários