O caso mais recente ocorreu terça-feira, com a morte do empresário Mário Manuel da Ressurreição Fernandes, 45 anos, gerente da empresa Food Love Market, que foi encontrado sem vida, com as mãos amarradas, na casa de banho da sua residência num condomínio na centralidade (bairro) do Kilamba, arredores de Luanda.
"Há contornos estranhos, pois, aparentemente, não roubaram nada na casa", disse hoje à Lusa a mulher da vítima, Elisa Fernandes, que questionou a forma como a polícia angolana está a investigar o crime.
Segundo Elisa Fernandes, o marido foi encontrado morto em casa, num condomínio privado, em que os seguranças do empreendimento não foram interrogados pelos agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola.
"Como é possível não terem sido interrogados? Quem entra no condomínio é registado pelos seguranças e nada foi investigado", denunciou a mulher de Mário Fernandes, cujo funeral vai decorrer na Cidade do Cabo, na África do Sul, logo que tratados os aspetos legais.
Para já, desconhece-se o móbil do crime que vitimou Mário Fernandes, natural de Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança, nordeste de Portugal) e que viveu na Cidade do Cabo, onde tem família, até há cerca de um ano, quando se mudou para Luanda e abriu a empresa.
A 13 deste mês, outro cidadão português, Francisco Manuel Tomé Ribeiro, residente há mais de 40 anos em Angola, foi abatido a tiro por três meliantes que lhe roubaram a motorizada à porta da sua residência, no Bairro do Zango III (arredores de Luanda), crime testemunhado pela sua filha de sete anos.
Segundo o irmão da vítima, Luís Augusto Ribeiro, o crime ocorreu quando Francisco, mecânico de profissão, se preparava para sair com a filha, de sete anos, para ir comprar medicamentos a uma farmácia.
"Estavam os dois já em cima da mota e apareceram três jovens que exigiram que o meu irmão lhe desse a mota. Não se sabe bem como, dispararam dois tiros, um atingiu-o de raspão e outro foi direto ao abdómen. A filha ficou ilesa, com manchas de sangue na roupa, mas foi por causa do sangue do pai", contou Luís Augusto Ribeiro.
Luís Ribeiro, que reside em Angola desde 1986, também lançou críticas ao início da investigação feita por agentes do SIC, que apenas interrogaram, durante cerca de 10 minutos, a filha da vítima, que vive com a mãe (os pais, entretanto, estavam separados).
O funeral foi realizado quarta-feira no Cemitério de Benfica, a sul de Luanda.
Trata-se do terceiro assassinato conhecido este ano de cidadãos portugueses em Angola, depois do primeiro ocorrido a 03 de fevereiro último, quando o empresário Adérito Florêncio Tété, 85 anos, natural de Trás-os-Montes, foi encontrado no quarto da sua residência em Malanje, a 380 quilómetros a leste de Luanda, com a cabeça ensanguentada.
Na ocasião, o porta-voz do SIC em Malanje, Lindo Ngola, confirmou que a morte do empresário português foi provocada por "meliantes não identificados", que lhe desferiram "vários golpes na cabeça com objetos contundentes".
A morte de Adérito Florêncio Tété, proprietário do Restaurante Capri e da Tété e Gouveia Limitada, foi considerada pela polícia como um "homicídio qualificado" praticado por "elementos não identificados".
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