Segundo guarda-fronteiriços e guarda-costeiros bangladeshianos, cerca de 100 pessoas estavam a bordo do navio, que naufragou na embocadura do rio Naf, que separa a Birmânia do Bangladesh.

“Recuperámos dois corpos. Duas pessoas foram socorridas”, indicou à agência noticiosa France-Presse Alauddin Nayan, um comandante da guarda-costeira, referindo que entre as pessoas que seguiam a bordo cerca de 40 eram adultos.

“Os outros eram crianças”, afirmou, precisando que foram desencadeadas buscas pra tentar encontrar sobreviventes.

A ONU elevou hoje para 519.000 o número de rohingyas que chegaram ao Bangladesh em fuga da violência na Birmânia desde 25 de agosto, dias após ter revisto o seu plano de resposta à crise humanitária no país.

A crise dos rohingyas começou a 25 de agosto, após um ataque de um grupo rebelde desta minoria muçulmana às instalações policiais e militares no estado ocidental birmanês de Rakhine, uma ação a que o exército respondeu com uma ofensiva que ainda prossegue.

De acordo com testemunhas e organizações de direitos humanos, o exército birmanês arrasou povoações incendiando-as e matou um número indeterminado de civis a tiro enquanto esvaziava essas localidades.

O Governo birmanês assegurou que a violência foi desencadeada por “terroristas rohingyas”, mas o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou a operação militar como “limpeza étnica”.

Antes da campanha militar, estimava-se que cerca de um milhão de rohingyas habitasse em Rakhine.

A Birmânia não reconhece os rohingyas como uma comunidade do país e considera-os bangladeshianos, enquanto o Bangladesh, onde já antes da crise viviam cerca de 300.000 membros desta minoria, tratou-os sempre como estrangeiros e, até agora, só pouco mais de 30.000 foram reconhecidos como refugiados.

A violência e a discriminação contra os rohingyas intensificaram-se nos últimos anos: tratados como estrangeiros na Birmânia, um país mais de 90% budista, são a maior comunidade apátrida do mundo.

Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada, em 1982, têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).