Onze dias depois das eleições, há dois potenciais candidatos “em reflexão” – João Almeida, deputado e porta-voz do partido, e Filipe Lobo D’Ávila, um crítico da anterior direção, do grupo "Juntos pelo Futuro" do CDS – e um candidato assumido, Abel Matos Santos, da Tendência em Movimento (TEM).
Na noite de quinta-feira, na sede do CDS, em Lisboa, os conselheiros nacionais vão também fazer uma análise dos resultados eleitorais: um grupo parlamentar reduzido de 18 para cinco deputados, com 4,25% dos votos, quando ainda faltam apurar os círculos da Europa e fora da Europa.
Nas primeiras 24 horas, houve uma definição de potenciais candidatos – Almeida, D’Ávila e Matos Santos – e as quase duas semanas que se seguiram serviram para uma série de dirigentes e ex-ministros se colocarem fora da corrida, a começar por dois ex-ministros, Pedro Mota Soares e António Pires de Lima, o eurodeputado e vice-presidente Nuno Melo, o ex-vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ou o deputado Telmo Correia.
Dirigentes do CDS ouvidos pela Lusa admitiram que o quadro de potenciais candidatos poderá não estar ainda completamente definido, admitindo-se “recentramento” de posições até ao congresso extraordinário pedido pela líder demissionária, Assunção Cristas, na noite das eleições de 06 de outubro.
À partida, dirigentes e militantes terão ainda algum tempo para o debate interno. Dado que a reunião magna dos centristas poderá realizar-se em janeiro do próximo ano, ou em meados de dezembro.
Os estatutos do partido, no seu artigo 53.º, estabelecem que em caso de eleições antecipadas por um período superior a um mês, o que é o caso, elas não podem ser marcadas com “uma antecedência inferior a 45 dias”, ou seja, um mês e meio de antecedência.
Este prazo de um mês e meio, a partir da data do conselho nacional, pode já coincidir com o mês de dezembro, o que leva dirigentes do partido, ouvidos pela Lusa, a admitir que o 28.º congresso se realize em meados de dezembro ou nos primeiros dias de janeiro, para evitar a época de natal e do ano novo.
Logo na noite das legislativas de 06 de outubro, dia em que o CDS se viu reduzido a 4,25% e a bancada passou de 18 a cinco deputados, Cristas assumiu a derrota e anunciou a saída da liderança.
Este foi o pior resultado eleitoral do CDS desde 1991, quando obteve 4,4% e cinco deputados, era Diogo Freitas do Amaral presidente do partido, mais um do que nas eleições de 1987, em que teve quatro deputados e ficou conhecido pelo "partido do táxi".
Nem uma hora depois, Abel Matos Santos, da Tendência em Movimento (TEM), anunciou que era candidato, e nas 24 horas seguintes foram mais dois dirigentes a dizer que estão “em reflexão”.
Primeiro, Filipe Lobo d´Ávila, do "Juntos pelo Futuro" do CDS, no domingo à noite, no Facebook, afirmou-se em “estado de choque” com o resultado e no dia seguinte, na segunda-feira, assumiu estar em reflexão e não exclui qualquer cenário, incluindo uma candidatura à liderança.
“Todos somos poucos para mudar a situação. É evidente que não excluo nenhum cenário. Estou num momento de ponderação, de reflexão. Este é um resultado forte e chocante para quem gosta do CDS e temos que, com calma, sem pressas, tentar encontrar uma solução que permita uma união no CDS”, afirmou à Lusa.
Depois, também no Facebook, mas horas mais tarde, na madrugada de segunda-feira, João Almeida, deputado, ex-líder da JP e porta-voz do partido durante a liderança de Cristas, admitiu que o CDS teve uma “derrota estrondosa” e, horas depois, admitiu também o cenário de concorrer à liderança no congresso.
João Almeida afirmou que o resultado das eleições “obriga a repensar a estratégia” e fazer uma “reflexão profunda sobre o futuro” do partido, admitindo ainda que "não estava" e "nem está" nos seus planos concorrer à liderança.
Sem dizer se é candidato a candidato, Francisco Rodrigues dos Santos, presidente da JP, também usou uma rede social, de novo o Facebook, para reconhecer que o partido sofreu uma “pesada derrota” nas legislativas de domingo e apontou como solução de futuro a “grande casa das direitas”.
Um dos debates prévios sobre o futuro presidente do partido é saber se deve, ou não, ser deputado, dado que o hemiciclo dá um “palco” ao líder, por exemplo, para os duelos parlamentares com o primeiro-ministro, nos debates quinzenais, na Assembleia da República.
Olhando a história, o CDS já teve as várias modalidades: Manuel Monteiro, Paulo Portas e Ribeiro e Castro, por exemplo, foram líderes sem estar no hemiciclo de São Bento.
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